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Boletim Salesiano Moçambique Nº 57 Março/Abril 2014

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Boletim Moçambique
Nº 57
Março/Abril
2014 Salesiano2 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Rezando com...
Boletim Salesiano Março / Abril 2014 Ano XIV Nº 57
PROPRIEDADE: Visitadoria ‘Maria Auxiliadora’ (SDB) - Sociedade Salesiana Moçambique
DIRECTOR: Rogelio Arenal, sdb
CONSELHO DE REDAÇÃO: André Kazembe, sdb; Miguel Angel Delgado, sdb.
AUTORES: Adolfo Sarmento; Alberto Martelli; Aldo Giraudo; Amélia Savane; Américo Chaquisse;
ANS; António Spadaro; Graça Alves; Hernán González; Ligia Conzález; Maria Paz António B.;
Mariela Araya; Mariela Castro; Marco Pappalardo; Pascual Chávez; Rogelio Arenal;
Silvana Monachello.
MAQUETAÇÃO: Rall / FOTOGRAFIAS: ANS; Belgio P.; Fma Moz; Jorge B.; Rall;
Sdb Colombia; Zebedeu N.
A dministrAção : Avda. de Namaacha, Parcela 498, Bairro Luis Cabral,Maputo.
d epósito L egAL : 01530INLD/98
e- mAiL : bsmozambique@gmail.com / B Log : bsmozambique.blogspot.com
F AceBook : Facebook.com/boletimsalesiano.mozambique / t witter : twitter.com/bsmoz
Ó Deus Todopoderoso e Misericordioso, Tu
deste aos santos máritres salesianos Luis e
Calixo a força de lutar até à morte para anunciar
o Evangelo e defender a dignidade humana,
concedei-nos imitar o seu testemunho com fé
perseverante e caridade operosa. Amém
Sacerdote
São Calixto Caravário
Bispo
São Luis Versiglia
Primeiros Mártires Missionários Salesianos
Mortos na China em 19303 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Editorial
Queridos amigos de Dom Bosco:

Quando estamos publicando o presente número do Boletim
Salesiano de Moçambique, está realizando-se em Roma o
Capítulo Geral 27 da Sociedade Salesiana. Sem dúvida, é o
acto mais importante neste tempo de preparação ao Bicen-
tenário do nascimento de Dom Bosco, que começaremos a
agradecer a Deus e a celebrar no dia 16 de Agosto.
O CG com o seu lema ‘Testemunhas da radicalidade evan-
gélica’ e com o lema salesiano ‘Trabalho e temperança’,
pretende reflectir e orientar a vida dos proximo anos da
Congregação Salesiana. É tempo de respostas novas, de
coragem, de criatividade, de fidelidade ao Espírito Santo e a
Dom Bosco, de amor e generosidade com os jovens pobres.
Um momento importante do CG, na última semana de mar-
ço, será a escolha do novo 10º Sucessor de Dom Bosco.
Desde o BS pedimos a oração de todos os amigos e amigas
da Família Salesiana, pois os frutos do CG, na vida diária
das comunidades e dos salesianos, serão um bem para os
jovens, para a Igreja e para a sociedade.
Ao mesmo tempo, nos alegramos com a canonização dos
Papas João XXIII e João Paulo II. Outras testemunhas que
a Igreja nos apresenta para crescer no amor a Cristo, na
entrega generosa à Igreja e no serviço total à humanidade.
No meios destes acontecimentos, vamos vivendo no servi-
ço aos jovens desde o próprio carisma e condição social.
Como religiosos e religiosas, como leigos, como jovens,
Dom Bosco nos convida a encher o mundo de alegria e de
esperança, sobretudo no mundo dos mais novos, pois eles
precissam de esperança para que amanhã sejam a alegria
do mundo.
P. Rogelio Arenal
Sumário
2 Rezando com…
3 Editorial
4 Santidade ao alcance de todos
6 Os lugares de Dom Bosco
7 A serpente e a Ave-Maria
8 Educar como Dom Bosco
9 Pensamentos: Agora!
10 Sonhem corajosos
12 Os nativos digitais
13 Salesianos Cooperadores
14 ANS de Moçambique
16 Maria, a Mãe de todos os dias
17 Espiritualidade salesiana
21 Dom Bosco: educador e santo
22 João XXIII e João Paulo II
23 Viver a misericórdia
24 Educar com as famílias
26 Olhando à vida: CG 27º
28 FMA: Projecto Jerusalém
30 Solidariedade África-Chile
32 Mundo salesiano
34 Ni landzi–Eu fico com D.Bosco4 BS Nº 57 Março/Abril 2014
A ESPIRITUALIDADE SALESIANA:
SANTIDADE AO ALCANCE DE TODOS
Mensagem do Reitor Mor
Eis o último artigo
mensal que o P. Pascual
Chávez escreve, como Reitor-
Mor, ao Boletim Salesiano.
Agradecemos a sua fidelidade
a este encontro mensal com
toda a Famililia Salesiana.
Foi um Pai e um Mestre de
salesianidade!
Uma premissa necessária
Entre os muitos e variados textos
que produzi, procurarás em vão
um diário da alma, uma narração
do meu itinerário íntimo, uma
autobiografia espiritual. Não era
o meu estilo. Talvez pelo pudor
inato, típico dos camponeses,
provavelmente porque, por
formação, não me sentia levado
a abrir-me dessa maneira,
certamente porque preferia
conservar em meu coração a
lembrança de tantas experiências
espirituais e apostólicas em vez de
manifestá-las publicamente.
Por isso, não encontrarás nos
meus livros ou nas minhas palavras
descrições ou testemunhos do
meu relacionamento pessoal com
Deus e o seu mistério.
Minha experiência com o Senhor
Não nasci santo, eu te digo com
toda simplicidade e naturalidade.
Lutei bastante para ser fiel a nosso
Senhor e coerente com meus
compromissos de cristão. Posso-te
garantir que nem sempre foi fácil.
Santo, a gente se torna, aos
poucos. Ainda não foi inventado
um instrumento para medir o grau
de santidade alcançado. Tudo é
graça, até mesmo a colaboração
da criatura. E a graça foge ao
controle humano, porque é um
dom de Deus.
Fui sempre um otimista por
formação natural e convicção
pessoal. Não era nem superficial
nem muito menos ingênuo. A vida
fora-me – e continuava a sê-lo
– mestra exigente e sábia. Sabia
que ela comporta desafios e nunca
exclui dificuldades ou provas.
Para que possas entender o ideal
que trazia no coração, transcrevo-
te algumas reflexões feitas quando
estava para entrar no seminário de
Chieri. Já tinha 20 anos! Não era
mais um garotinho ingênuo ou um
adolescente sonhador...:
«A vida levada até então devia
ser radicalmente reformada.
Nos anos passados não havia
sido propriamente mau, mas
dispersivo, vaidoso, dado
a partidas, jogos, saltos,
brinquedos e coisas assim, que
alegravam no momento mas não
satisfaziam o coração».
Por sua vez, minha mãe –
embora na intensa comoção
experimentada de ver-me vestido
com a batina – fora categórica:
«acabas de vestir a batina.
Lembra-te, porém, que não é o
hábito que honra o teu estado,
mas as virtudes que praticares.
Prefiro ter como filho um pobre
camponês, a um padre negligente
nos seus deveres».
Com humilde sinceridade,
sempre procurei servir a
Deus e a sua glória.
Não é uma frase feita, crê em mim;
no tempo em que vivia, era-me
um verdadeiro programa de vida.
Significava o segredo da minha
relação com Deus, sintetizando
numa frase que explicava também
o meu serviço aos jovens.
Eu acreditava nisso, sabes?
Eu estava convencido – e a
experiência o confirmava dia a dia
– que os jovens que eu encontrava
nos bares, nas praças de Turim,
nas prisões, ou com patrões
desumanos, tinham realmente
necessidade de uma mão amiga,
de alguém que cuidasse deles, os
cultivasse, guiasse no caminho da
virtude e afastasse do vício.
O sonho que tivera nos Becchi
aos 9-10 anos continuava a
martelar-me a mente e o coração.
Convenci-me de que só um padre
totalmente de Deus, um padre
santo seria capaz de dar-lhes
segurança e confiança, sentido
pleno da vida, alegria no coração 5 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
sANTO, A GENTE sE TORNA AOs POUCOs
e muita esperança.
Eis a conclusão a que cheguei:
a santidade seria o mais
belo presente que lhes
poderia dar.
Quando me encontrei com São
Francisco de Sales
Evidentemente, não foi um
encontro de pessoas: nasci 250
anos depois dele! Lendo um de
seus livros que circulavam também
no Piemonte encontrei uma frase
que me chamou a atenção e se
tornou programa para minha vida
sacerdotal. Recordo-me de ter
lido: «É um erro, ou melhor, uma
heresia, querer excluir o exercício
da devoção do ambiente militar, da
oficina dos artesãos, da corte dos
príncipes, dos lares de pessoas
casadas... Onde quer que nos
encontremos podemos e devemos
aspirar à vida perfeita».
Isso se tornou um ideal para mim!
Procurei vivê-lo e oferecê-lo
também aos meus jovens. Era
preciso muita coragem! Falar
de santidade (sim, eu usava
justamente essa palavra!) aos
jovens parecia, à maioria, uma
meta impossível. Contudo, eu
acreditava nisso. E dizia com
convicção que
ser santo è um ideal
maravilhoso,
e até mesmo fácil; nossa amizade
e lealdade com nosso Senhor um
dia será premiada.
Apresentava a santidade como
uma vocação “simpática” e
atraente, mas também explicava
que era exigente, requeria
sacrifícios e renúncias.
Era uma santidade concreta,
feita de deveres cumpridos com
exatidão, feita de amizade com o
bom Deus que nos tornava amigos
de todos.
Santidade que nos tornava
apóstolos dos colegas com
delicadeza e simplicidade,
santidade do cotidiano.
Depois, acrescentava uma
característica que sempre tive
como fundamental: devia ser uma
santidade alegre, que arrasta
para o bem, que fascina e nos faz
«salvadores de outros jovens».
Por pouco não fui rejeitado no
Vaticano…
Nesse tempo, eu já estava no
Paraíso. Sabia que na terra
discutia-se sobre um problema
que, no meu modo de ver, jamais
existira. Dada a quantidade imensa
de trabalho e de preocupações
que me atormentavam, havia
quem estivesse convencido de
que me faltasse tempo para rezar.
Não se podia evitar a pergunta:
“Quando Dom Bosco rezava?”; e
ela merecia uma resposta.
Descobriram, então, um segredo
que não me parecia necessário
espalhar aos quatro ventos: a
minha vida inteira era uma oração,
porque
eu rezava a vida!
Jovem santo para os jovens
Já afirmei muitas vezes: sentia-
me chamado para os jovens,
especialmente aqueles que tinham
maior necessidade de amor e
esperança. Eles sempre foram a
razão do meu ser e do meu agir.
Mas não os queria para mim.
Como um padre, caríssimo amigo,
chegou a afirmar: «Como a mãe
nutre a si mesma para depois nutrir
o próprio filho, assim Dom Bosco
nutriu-se de Deus, para nutrir-nos,
também a nós, de Deus».
Com toda humildade, eu te garanto
que me vejo nessas palavras tão
simples e tão verdadeiras.
Oração era estar horas no
confessionário, escrever dezenas de
cartas à luz trêmula do candeeiro
noite avançada, subir e descer as
intermináveis escadas de mármore
de tantos palácios, conversar
familiarmente com os jovens no pátio,
celebrar a santa Missa, fixar estático
o rosto da Auxiliadora.
Oração era viver na presença de
Deus, como aprendera desde criança
de minha boa Mãe; para mim,
rezar era abandonar-me confiante
à Providência, era ensinar uma
profissão, um trabalho a muitos
garotos para que pudessem ser
sempre «Bons cristãos e honestos
cidadãos».
Rezava quando dava o abraço de
adeus aos primeiros missionários que
partiam para a Argentina, quando
visitava o papa, acolhia bispos
expulsos de suas dioceses, escrevia
um dos tantos livretos das Leituras
Católicas, quando multiplicava pães
no cesto ou hóstias no momento da
comunhão.
Estava em oração quando viajava
de Turim a Barcelona, a Paris para
encontrar o dinheiro necessário para
a construção do templo dedicado
ao Sagrado Coração em Roma, ou
o dinheiro urgente para difundir o
Evangelho nos pampas argentinos...
Sempre em plena atividade, mas
sempre com o coração na intimidade
com o Senhor.
Eu queria os jovens como meus
amigos porque desejava que
fossem apaixonadamente amigos
de Deus. E quanto alguém é
amigo de Deus está no caminho
da santidade!
PASCUAL CHÁVEZ 6 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Os lugares de Dom Bosco
1 ”Tinha eu onze anos de idade quando fui admiti-
do à primeira comunhão. Sabia todo o pequeno
catecismo... Minha mãe empenhou-se ela pró-
pria em preparar-me o melhor que podia e sabia...
Minha mãe repetiu-me muitas vezes estas palavras:
«Meu querido filho, este foi para ti um grande dia.
Estou convencida de que Deus tomou verdadeira-
mente posse do teu coração. Agora promete-Lhe
fazer o que puderes para te conservar bom até ao
fim da vida».
Guardei na memória e procurei praticar as adver-
tências da minha piedosa mãe; e parece-me que
desde então houve alguma melhoria na minha vida”.
2 O padre Calosso, “ao saber dos desentendi-
mentos que havia na minha família, chamou-
-me e disse-me: «Meu caro João, confiaste em
mim e não quero que tenha sido em vão. Deixa por
isso um irmão cruel, anda comigo e terás um pai
amoroso»... Para mim o padre Calosso tinha-se tor-
nado um ídolo”. 3 “Ao fim de tanto tempo perdido, foi finalmente to-
mada a resolução de eu ir para Chieri, a fim de me
aplicar seriamente ao estudo. era o ano de 1831
(João tinha 16 anos!)... A minha casa pensão era em
casa de uma conterrânea, Lúcia Matta,viúva com um
filho, que se instalara na cidadae para lhe dar apoio e
o assistir e vigiar”.
(Os textos são tirados das Memórias do Oratório)
Igreja paroquial onde João fez a
Primeira Confissão e Comunhão
Casa de Lúcia Matta onde Joaõ
foi viver por 1ª vez em Chieri. Alí
tornou-se amigo e professor do
filho da senhora Lúcia.
Capela e casa do padre Calosso em
Murialdo onde João foi viver7 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Dom Bosco sonhador
“Os sonhos são
material interessante para
captar mais em profundidade
as caraterísticas da
mentalidade e do discurso
espiritual de Dom Bosco”
(Aldo Giraudo)
Quarta-feira 20 de agosto 1862
Q uero contar-vos um sonho que
tive há poucas noites ainda
(deve ter sido na noite da festa da
Assunção de Maria Santíssima).
S onhei que me encontrava
com todos os rapazes em
Castelnuovo d’Asti, em casa do
meu irmão.
E nquanto todos se divertiam no
recreio, veio um (não se sabe
quem era) que me chamou para
ir com ele. Levou-me ao pátio, no
prado antigo, e mostrou-me ali na
erva uma bruta serpente com 7 ou
8 metros de comprimento e muito
grande. Fiquei horrorizado com tal
espetáculo e queria fugir.
- Não, não, disse o tal, não fuja,
venha ver.
- E como, repliquei eu, queres que
me atreva a aproximar-me daquele
monstro? Não sabes que é capaz
de me apanhar e de me devorar
de um trago?
- Não tenha medo, não lhe fará
mal. Venha comigo.
- Ah, não sou parvo ao ponto de
correr tal perigo.
- Então, continuou, fique parado
aqui.
D epois foi buscar uma corda,
levou-a para junto de mim e
disse:
- Pegue nesta corda por uma
ponta e segure-a bem nas mãos,
eu pego na outra ponta, vou para
o outro lado e suspendemo-lo
sobre a serpente.
- E depois?
- E depois deixamos-lha cair sobre
o dorso.
- Ah! não, nem pensar! Porque,
se fizermos isso, ela salta furiosa
para cima de nós e desfaz-nos em
pedaços.
- Não, não; deixe que eu faço.
- Cuidado! Não quero correr um
risco que pode custar-me a vida.
E já queria fugir. Ele insistiu de
novo que não tivesse medo,
que não me fazia mal. E decidi-
me a ficar. Entretanto, ele passou
para o outro lado, levantou a corda
e lançou-a para cima da serpente.
A serpente dá um salto, virando
a cabeça para morder aquele
que lhe tinha batido mas, em vez
de morder a corda, ficou prendida
nela.
E ntão aquele homem gritou:
- Segure bem, segure bem e
não deixe escapar a corda.
E correu a uma pereira que havia
ali ao pé e prendeu lá a corda.
Correu depois para mim, tirou-me
a corda da mão e foi prendê-la à
grade de uma janela da casa.
E ntretanto a serpente
estrebuchava, lutava, batia
com tanta força no
chão que ficava
toda ferida e fazia
saltar pedaços de
carne para longe.
Assim continuou,
enquanto teve
vida, e morreu só
com o esqueleto
descarnado.
Q uando a
s e r p e n t e
morreu, ele mesmo
desprendeu a
corda, enrolou-a e
depois disse:
- Esteja atento, por
favor!
C olocou-a assim numa caixa,
fechou-a e depois abriu-a.
Todos ficámos estupefactos.
Aquela já não estava num molho,
mas colocada de maneira que
formava as palavras Ave Maria.
-Mas como é possível?, disse eu.
Aquela corda foi metida enrolada
na caixa e agora aparece assim
com esta forma.
- Pois é, disse ele: a serpente
representa o demónio e a corda a
Ave Maria, ou antes, o terço que é
um conjunto de Ave Marias com as
quais podem destruir-se todos os
demónios do inferno.
A té aqui, a primeira parte. Há
outra parte, que é ainda mais
curiosa e interessa a todos. Mas já
é tarde e fica para amanhã à noite.
Ensinamento de Dom Bosco:
Entretanto, recordemos o que
disse aquele tal a respeito da
Ave Maria:
Rezemo-la com devoção e em
todos os assaltos das tentações,
seguros de triunfar sempre
delas.
Boa noite.
(Ensinamentos de Vida Espiritual,
Uma Antologia. LAS, Roma,
pag.96s)
A serpente
e
a Ave Maria8 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Educar como Dom Bosco
Turim, 1 de junho 1866
Caríssimo Gregorio Garofoli,
Recebi com alegria a tua carta e
dei as tuas notícias aos jovens que
fizeram parte da caravana de Tortona.
Ficaram muito contentes com elas e
encarregam-me de te agradecer e dar
cumprimentos.
Bem gostaria de me deter a falar um
pouco contigo, mas o que queria dizer-
te não se pode confiar ao papel. Se nas
próximas férias quiseres fazer-me uma
visita, dir-te-ei o que queria escrever-te.
Como amigo da tua alma, não posso
deixar de te dar algumas lembranças
fundamentais e são três f. f. f. Isto é:
1º Fuga do ócio.
2º Fuga dos companheiros que têm
más conversas ou dão maus conselhos.
3º Frequência da confissão e da
comunhão com fervor e com fruto.
Peço-te que dês cumprimentos meus
aos teus dois irmãos, a Emanuele
Callori e aos outros piemonteses meus
conhecidos que por aí encontrares.
Deus te abençoe e te conserve na sua
santa graça, reza por mim que te sou
Af.mo no Senhor
Pe. João Bosco
(Ensinamentos de Vida Espiritual, Uma Antologia.
LAS, Roma, pag.58)
C ontinuamos apresentando nesta página outra carta
escrita pelo nosso Pai a um jovem, para intentar
descobrir através dela o seu coração de educador e
de homem do espírito.
E sta carta escrita em 1866 ao jovem Gregorio
Garofoli deixa entrever o coração de Dom Bosco:
• A relação de mestre-discípulo manifestada na
carta: ‘bem gostaria de me deter a falar um pouco
contigo’; ‘amigo da tua alma’.
• Uma relação de intimidade: ‘o que queria dizer-te
não se pode confiar ao papel’.
• Uma preocupação pela vida espiritual do jovem
que está de férias: ‘Deus te conserve na sua
santa graça’.
C onhecendo a Dom Bosco, podemos supôr que o
diálogo pessoal que queria manter com o jovem
Gregório podia ser muito bem sobre a vocação ou
sobre algo que faria bem à alma do jovem.
E nseguida, movido por essa ‘amizade da alma’,
hoje diriamos, ‘amigos de coração e de fé’, e como
o jovem se encontrava de férias, o educador da os
seus conselhos ao jovem para que os aproveite nesse
tempo tão perigoso das férias, quando não são vividas
com equilibrio e ordem.
A s três ‘F.F.F’ são três conselhos dados com
insistência por Dom Bosco aos seus jovens e fruto
da vida pessoal e de educador:
- Primeiro, na sua própria pessoa jovem quando se
encontrava em Chieri como estudante e longe da
família.
- Segundo, a experiência adquirida no contacto
com os jovens durante anos (já passaram 20 anos
de começar a viver e trabalhar no Oratório na casa
Pinardi).
F rente ao ‘ócio’ Dom Bosco proporrá aos seus
jovens o trabalho e a diversão sã, tais como o jogo,
o canto, o teatro, a música, os passeios.
N a sua própria pele experimentou o mal que os
maus companheiros podem fazer a um jovem e
desviá-lo do recto caminho. Frente a esta realidade,
ensina aos seus jovens a saber escolher aqueles
amigos que podem fazer bem, que são honestos
e responsáveis, alegres e obedientes, religiosos e
comprometidos com os companheiros.
P ara completar estes conselhos, os Sacramentos
da Comunhão e da Reconciliação são os amigos
‘aliados’ da vida espiritual do jovem cristão. Com eles
poderá caminhar seguro e forte.9 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Pensamentos
E ntre o princípio e o fim, os grandes
mistérios da nossa vida, corre um rio
imenso de coisas maravilhosas.
E ste entretanto de agoras, porém, passa
tão depressa que mal temos tempo para
o viver.
V ivemos assim, entre o passado e o futuro,
entre a saudade do que já vivemos e os
sonhos que – tantas vezes! – não iremos
viver.
Q ueremos ser o que não somos, estar
onde nunca estamos, ter o que não
temos, um pouco à maneira do “Estou além”,
de António Variações.
E deixamos passar a vida. Um instante.
P erdemos os amanheceres cor-de-rosa,
porque a noite pesou demasiado no
nosso corpo.
P erdemos o cheiro da terra molhada,
porque temos medo do que a chuva pode
trazer.
P erdemos as brincadeiras dos nossos filhos,
porque nos preocupamos com o futuro
que eles não vão ter, pelo menos à imagem
e semelhança do que sonhámos para eles.
E quando paramos, quando pensamos em
nós e no que somos, ficamos aflitos:
afinal, não sabemos donde vimos ou para
onde vamos, se somos apenas pó e infinito
ou o que é isto de ser matéria de terra e –
para quem acredita – matéria de Deus.
a g o r a
F icamos tão bêbados de
perguntas que não
percebemos que o curso dos
nossos dias é, afinal, isto:
chão e céu, riso e lágrima,
luz e sombra.
P orque somos gente.
Porque temos o
mundo para viver.
P orque a felicidade se
faz de uma aritmética
primária: uma soma de
agoras.Portanto, agora é
agora.
S e é para rir, pois que
aproveitemos o
brilho que a
alegria nos
traz; se é
para chorar,
pois que
lavemos o peito e aproveitemos as lágrimas para regar
os desertos que construímos dentro de nós.Agora é
agora.
A manhã, as nuvens vão fazer desenhos novos no céu,
as rosas já não vão estar em botão, os junquilhos já
não cheiram, o mar vai ter outra cor.
A manhã, os abraços podem morar mais longe e quem
amamos não estar aqui. Agora é agora.
E stá lindo, o dia. Mesmo que chova, está lindo o dia.
Vamos viver.
GRAÇA ALVES10 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Jovens com vida
Na festa de Dom Bosco, o 31 de janeiro, o Rei-
tor Mor fez pública a sua última mensagem ao Movimento
Juvenil Salesiano. Esta mensagem pretende criar um ‘cora-
ção único’ entre a diversidade dos grupos que formam o MJS,
os quais, são também convidados a preparar-se para o Bi-
centenário de Dom Bosco.
Gostaria que estas minhas palavras chegassem ao coração
de vocês para dizer-lhes que os amei e amarei sempre.
Vocês estão no centro da minha vida, da minha oração e
do meu trabalho. Vocês são a minha alegria e a fonte de
inspiração e esperança para o presente e o futuro que o
Senhor me reserva.
primavera para a Igreja e para
o próprio mundo. Os profetas
da desventura, que decretavam
o inverno da Igreja, devem
arrepender-se novamente. Este
novo sopro de primavera, dom do
Espírito Santo, tem um rosto e um
coração, os do Papa Francisco.
O seu modo de apresentar-se
humilde, simples e sorridente
revela a sua vida interior. Ele é
um homem intensamente unificado
com um ponto focal ao redor
do qual se concentram gestos,
atitudes e pensamentos: o Senhor
Jesus, percebido sempre como
Palavra de um Deus de bondade,
de ternura, de misericórdia.
Causa-nos intensa admiração
a figura deste Papa tão doce
e, ao mesmo tempo, homem-
rocha, ancorado solidamente
num ponto de enraizamento para
o qual convergem a sua força
moral, a liberdade de agir e falar,
juntamente com um profetismo
iluminador. O ponto unificador
ao redor do qual se concentra
toda a sua pessoa é, ao mesmo
tempo, um grande sonho e um
projeto de grande respiro. Qual
é o sonho que seduziu o Papa
Francisco e que contagia e fascina
tantos jovens? É uma Igreja livre
da mundanidade espiritual, livre
da tentação de fechar-se em
seu quadro institucional, livre da
tendência ao emburguesamento e
do fechamento em si mesma, livre
principalmente do clericalismo e
do machismo.
Uma Igreja encarnada neste
mundo, resplendente nos mais
pobres e nos que sofrem. Uma
casa aberta a toda a humanidade.
Em seu coração há o grande
desejo de uma Igreja que acolha a
todos, além das diversidades das
culturas, das raças, das tradições,
das confissões religiosas.
Uma Igreja que saia às estradas
para evangelizar e servir, chegando
às periferias geográficas, culturais
e existenciais.
Uma Igreja pobre, que privilegie
os pobres, sendo a voz deles,
para superar a indiferença egoísta
daqueles que têm muito e não
sabem compartilhar.
Uma Igreja que dê a justa atenção
e relevância às mulheres, sem as
quais, ela mesma, corre o risco da
esterilidade.

Papa Francisco vive com
autêntica paixão a dedicação a
este sonho que traz no coração
e quer que todos os crentes, mas
especialmente os jovens, vivam
com igual intensidade a sua
ousadia missionária.
Vocês, jovens, são os
protagonistas irrenunciáveis
e determinantes desta nova
primavera. Para sair da cultura
do “descarte” que os marginaliza
e paralisa deixando-os sem
Sonhem coisas grandes
e sigam o seu sonho com
alegria, entusiasmo e
convicção
Meus muito amados jovens,
Não lhes escondo a emoção
ao dirigir-lhes minha última
mensagem como Reitor-Mor.
Obrigado pelo amor que sempre
me demonstraram, pelas orações
que me apoiaram nos momentos
difíceis do meu delicado serviço.
Neste momento, vejo seus rostos
iluminados pela alegria de viver e
de crer, mas também preocupados
com um futuro incerto. Participei
das esperanças e dos sofrimentos
que lia em seus olhos.

Durante os 12 anos do meu belo
serviço de Sucessor de Dom
Bosco, vivemos juntos momentos
inesquecíveis... Foram tempos
fortes do Espírito, experiências
de comunhão e de espiritualidade
salesiana, momentos de
partilha e fraternidade que
nos fizeram crescer no amor a
Jesus, à Igreja e a Dom Bosco.
Obrigado, queridos jovens, pela
sua presença reveladora do
amor de Deus, pelo frescor e o
entusiasmo que comunicaram
nesses encontros, pela alegria
que deram ao meu coração. Com
coração de pai continuarei a amá-
los e, por isso, quero convidá-los
a olhar o futuro com esperança.
Deus não nos abandona e sempre
nos dá grandes sinais do seu
amor.
Papa Francisco, sinal do
amor de Deus pela Igreja
É com grande alegria e admiração
de muitos que assistimos
hoje ao anúncio de uma nova 11 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
A juventude de vocês,
dom para entregar aos
outros
futuro, devem acender em seus
corações o “fogo” de uma nova
paixão para investir suas energias
e sua mesma vida; trata-se de
empenhar-se nas causas nobres,
positivas e de grande valor moral,
pelas quais valha a pena gastar a
vida.
É o que lhes pede o Papa
Francisco, o que lhes pede Dom
Bosco, o que eu lhes peço nesta
última mensagem, como um
testamento espiritual a conservar
ciosamente em seus corações e
realizar em suas vidas.
Ao longo destes anos, eu os
convidei a acolher a sua juventude
como o dom mais precioso e
orientar a sua vida segundo um
projeto vocacional. Nos muitos
rostos que encontrei, eu li a busca
e o grande desejo de felicidade que
se exprimia na alegria e na festa.
A fé cristã é a resposta a esse
desejo de vocês porque é anúncio
de felicidade radical, promessa
e entrega de “vida eterna”.
Apropriar-se da espiritualidade
salesiana é penetrar no coração
mesmo de Dom Bosco, onde
comprometimento e alegria
caminham juntos, santidade
e alegria formam um binômio
inseparável.
Desde o início do meu
ministério eu lhes propus um
itinerário de santidade simples,
alegre e serena. A
espiritualidade
juvenil
salesiana
quer
levá-los ao
encontro com
Jesus Cristo
para estreitar
com
Ele uma relação de amizade e de
confiança.
Eu sempre lhes indiquei a
Igreja como o lugar escolhido e
oferecido por Cristo para encontrá-
lo e escutar a sua Palavra.
Somente a sua presença discreta
estimula a liberdade de vocês na
educação da mente, do coração
e da vontade. A Ele basta um
pequeno sinal de confiança para
dizer-lhes com muita ternura:
«Venham e fiquem comigo, vocês
que estão sedentos de felicidade
e com fome de coisas belas e
verdadeiras que fazem a vida
crescer. Venham, vocês que
estão cansados, desencorajados,
deprimidos. Vocês, que sofrem no
corpo, no espírito, no profundo do
coração».

Queridos jovens, ouçam as
palavras de Cristo que descem
lentamente, consoladoras dentro
de vocês. Elas se tornam na
Eucaristia sangue que lhes dá
vida nova, carne da carne de
vocês. É uma nova vida que se
nutre de oração, de comunhão
e de serviço. É uma nova vida
percebida e vivida como vocação,
como missão, como entrega fiel e
disponibilidade total aos outros.
Ouçam o acalorado apelo do
Papa Francisco a toda a Igreja:
«Vamos para fora, vamos para
fora a fim de oferecer a todos
a vida de Jesus Cristo!». Como
resistir a este apelo? É um apelo
que tem toda a intensidade e
a paixão do «Da mihi animas!»
de Dom Bosco. A generosidade
juvenil de vocês não pode senão
estremecer e deixar-se sacudir
por este grito, abandonando
a fé tímida, paralisada
pelo medo e pouco
inclinada a testemunhar.
Vocês são chamados
a viver uma fé que se
manifesta como profecia,
como certeza de serem
amados por Deus a ponto
de depositar nele a única
segurança que possuem. Em seu
nome, podem arriscar tudo, sem
se deixarem amedrontar por nada
e por ninguém, sem se deixarem
condicionar por outras visões
do mundo, sem se satisfazerem
com uma vida medíocre.
O convite do Papa Francisco a
vocês, jovens, é para partir sem
medo a fim de servir o mundo, e
enriquecê-lo com o dom de Cristo
e do Evangelho. A vocês, ele confia
a convicção da real possibilidade
de mudar o mundo, porque Jesus
Ressuscitado está conosco, todos
os dias, até o fim dos tempos, e
renova todas as coisas: «Uma
fé autêntica comporta sempre
um profundo desejo de mudar o
mundo, transmitir valores, deixar
alguma coisa melhor depois da
nossa passagem pela terra»
(Evangelii Gaudium, 183).
Meus muito amados jovens
Despedindo-me de vocês, entrego-
lhes estas palavras que brotam do
meu coração de pai. Eu sempre
os amei e continuarei a amá-los,
recordando-os todos os dias ao
amigo, meu e de vocês, Jesus. Por
isso, acredito poder fazer minhas
as palavras do nosso amado Dom
Bosco: «Até o último respiro de
minha vida será para vocês,
meus queridos jovens». Peço-
lhes também a dádiva da oração
de vocês para que eu continue
a servir a Igreja e a Família
Salesiana com fidelidade e amor.
Confio-os a Maria, nosso auxílio,
modelo de santidade vivida com
coerência e plenitude, estrela
da nova evangelização. Ela os
acompanhe sempre com ternura
de Mãe em todos os momentos
de suas vidas. Auxilie-os a dar um
belo testemunho de comunhão, de
serviço, de fé ardente e generosa,
de justiça e de amor pelos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue a todos os jovens e
nenhuma periferia fique sem a sua
luz.
Sempre de vocês,
P. Pascual Chávez V.12 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Em Comunicação
Os nativos digitais
Apresentamos o
extracto duma interessante
conferência que o jesuita, P.
António Spadaro ofereceu no
Congresso ‘Culturas juvenís
emergentes’.
Convida-nos a olhar com uma
mentalidade mais aberta a
este mundo que faz parte do
mundo dos jovens, e não só!
Hoje, os jovens vivem como cida-
dãos no ambiente digital. Se que-
remos encontrar os jovens não po-
demos abandonar a praça digital.
Ou melhor: na sua experiência de
vida ordinária, real, a Rede entrou
como realidade emergente, como
‘tecido de conexão’ das suas ex-
periências.
A sociedade dos jovens nativos
digitais não pode ser considerado
‘um lugar’ que influencia e forma
os jovens. A comunicação hoje é
móvil, o que faz que o jovem tenha
os seus próprios recursos que são
utilizados para sí próprio.
Internet não é um novo meio (dos
mídia) que se ajunta aos outros
existentes. A Rede informática não
é o mesmo que uma rede de água
ou de gás. Internet é antes de tudo
uma experiência. Até que se pen-
se em termos instrumentais (ndr:
só como meio físico) não se com-
preenderá nada sobre a Rede e do
seu significado. Este ambiente é
para muitos incompreensível.
O espaço digital não é não autên-
tico, alienante, falso ou aparente,
mas é uma extensão do nosso
espaço vital quotidiano, que exige
‘responsabilidade e dedicação à
verdade’.
Um meu estudante nigeriano na
Universidade Gregoriana disse-me
uma vez: «Eu amo o meu com-
putador porque dentro dele estão
todos os meus amigos». É verda-
de: dentro do seu computador está
Facebook, Skype, Twitter… todas
as maneiras de estar em contacto
com os seus amigos de longe. A
sua ‘comunidade’ de referência era
real graças à Rede. Esta ingénua
afirmação faz-nos reflectir sobre o
facto de que o ambiente digital tem
um impacto sobre o mesmo signifi-
cado do que significa existir. A sua
vida está ali, nas fotos e nos pen-
samentos que partilham, ali estão
os seus amigos. Eles, duma certa
maneira, ‘são’ em Rede, parte da
sua vida está ali. Damo-nos conta
que agora existimos também em
Rede. Uma parte da nossa vida é
digital.
A Rede começa a influenciar so-
bre a capacidade dos jovens de
viver e de pensar. (…) Se isto su-
cede é porque as ‘máquinas’ cada
vez mais assumem um valor que
tocam as dimensões do homem
mais elevadas: pensar, expressar-
-se, comunicar, compreender o
mundo.
O homem da bússola e do radar
deram passo ao homem do ‘DE-
CODER’ que recebe inúmeras res-
postas desde todos os lados sem
ele as procurar… O problema hoje
não é receber a mensagem com
sentido e descodificá-lo…Hoje o
importante não é dar respostas.
Todos dão respostas…O importan-
te hoje é reconhecer as perguntas
importantes, aquelas fundamen-
tais.
Problemas pastorais que se
levantam:
Qual será a espiritualidade dos na-
tivos digitais cujo modo de conhe-
cimento está mudando a causa de
habitar no ambiente digital?
-Como pode ser o
NATIVO DIGITAL ESPIRITUAL?
È uma espécie de ‘hacker’ (pira-
ta), aquele que vive a espirituali-
dade como ‘pirateo’ interior, algo
que rompe o sistema e muda as
regras, as visões habituais, as
lógicas automáticas, colocando a
pergunta sobre o sentido da vida
e abrindo o nosso sistema opera-
tivo interior fechado e muitas ve-
zes considerado auto-suficiente à
transcendência.13 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Em Família
O salesiano P. Casti e a salesiana Ir. Leslye,
são os delegados mundiais para os Salesianos Coope-
radores (SSCC), da Congregação Salesiana e do Instituto
das Filhas de Maria Auxiliadora, respectivametne. Na sua
passagem por Moçambique, o BS lhes perguntou sobre a
realidade dos SSCC na Família Salesiana.
P. CASTI:
O s SSCC estão a viver um
tempo muito bonito, porque
com o ultimo Congresso Mundial,
o Reitor Mor disse aos SSCC:
agora tendes um projecto de vida
apostólico definitivo, agora deveis
de sair da sacristia, isto é, ter
uma grande visibilidade no mundo
eclesial, social e politico.
O s SSCC devem ser autênticos
sdb no mundo, com o
compromisso claro de fazer
esta sociedade e este mundo
melhor. Isto é o que queria Dom
Bosco. Quando ele os fundou,
quis que eles fossem aqueles
comprometidos na sociedade
secular, que fizessem presente o
Evangelho e a atenção privilegiada
pelos jovens.
O s SSCC, como disse o Reitor
Mor, deve repropor de modo
actualizado o que significa ‘ser
honrado cidadão e bom cristão’.
Esta é a tarefa dos SSCC hoje.
Ir. LESLYE:
O s SSCC são fermento na mas-
sa. A vocação de um/uma
SSCC é a de ser fermento no lu-
gar onde se encontram: no traba-
lho, nas suas famílias, no meios
das suas amizades, comprometi-
dos com o Evangelho, que ,os leva
a sair de si mesmos para ter um
compromisso social, um compro-
misso eclesial. Aí onde se encon-
tram. Não procurar outros lugares.
Mas nos lugares onde eles vivem.
É uma vocação bonita. Admiro
cada vez mais que vou conhe-
cendo esta vocação, a ideia de
Dom Bosco: realmente com uma
grande visão preparou, organizou
e fundou este grupo para dizer
que os leigos também podem ser
parte da FS com um compromisso
específico. Dom Bosco não quis
deixar ninguém fora.
D evemos apresentar esta voca-
ção a todos aqueles que estão
já colaborando connosco.
Participantes na 32º Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana realizadas no Salesianum, em Roma.
Participaram mais de 400 pessoas, representando 27 dos 30 grupos que compõem a FS e provenientes de 37
países.
O tema de reflexão e estudo foi o mesmo que o da Estréia 2014: A espiritualidade de Dom Bosco.14 BS Nº 57 Março/Abril 2014
ANS de Moçambique
No dia 22 de fevereiro, o
salesiano D. Ricardo Ezzati
Andrello, Arcebispo de Santiago,
capital do Chile, recebeu do Papa
Francisco o anel cardenalicio,
junto a outros 18 novos cardeais.
Com o novo Cardeal salesiano,
actualmente a Congregação
Salesiana tem 7 cardeais.
Deram início o novo curso do
inter-noviciado na Namaacha,
onde frequentam as aulas os no-
viciados das Franciscanas Mis-
sionárias de Maria, as Irmãs Vi-
torianas e os Salesianos e Filhas
de Maria Auxiliadora.
Este ano de 2014, há 10 noviços
de Angola e 1 noviço de Moçam-
bique. As Fma tem 3 noviças mo-
çambicanas (1 é do 1º ano).
NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES
A Ir. Paula Cristina Langa,
Provincial das Fma de
Moçambique, foi chamada pela
Madre Geral, para participar na
equipa internacional de Fma que
ultimou o trabalho definitivo para
ser apresentado ao estudo no
próximo Capítulo Geral das Fma.
O Capítulo Geral terá inicio no
mês de Setembro.
Os estudantes de teologia, no Congo, renovaram a sua Profissão
Iniciaram os Cursos Industriais no CFP de Matola
Carnaval no Oratório de Moamba15 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES
O postulantado das Filhas de
Maria Auxiliadora no Bairro
do Jardim tem este ano 3
postulantes.
O postulantado salesiano que
está na Escola Profissional da
Moamba, também acolhe este
ano 3 novos postulantes.
O aspirantado salesiano de
Matola recomeçou as suas
actividades. Actualmente tem 8
aspirantes: 5 do ano passado e
três novos. Todos eles são de
Tete.
A casa de formação das
Salesianas do Jardim, acolhe
este ano 4 novas aspirantes.
Chegaram novamente do Viet-
name, desta vez com todos os
documentos bem preparados, os
dois novos missionários vietnami-
tas: o tirocinante clérigo José e o
tirocinante coadjutor Vicente.
Numa primeira fase, encontram-
-se na Matola onde estão a rece-
ber aulas de português com um
professor e com a ajuda dos sa-
lesianos.
Os membros do Conselho Pastoral
e Animadores das Comunidades
da Missão de Moatize, reuniram-
se durante dois dias para
programar o ano pastoral,
e receber formação sobre a
Espiritualidade de Dom Bosco
No dia 1 de Março recomeçaram
de novo os encontros de formação
mensal dos animadores jovens.
O trabalho, feito em conjunto Fma
e Sdb, pretende formar durante um
ano aos animadores que começam a
realizar este serviço.
Este ano estão inscritos 40 jovens.16 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Maria no carisma salesiano
Tomou-me bondosamente pela
mão
Tinha apenas 9-10 anos quando
sonhei: E apareceu uma
maravilhosa Senhora, afetuosa e
bela. Como eu estivesse confuso
com a rápida sequência de cenas,
tomou-me pela mão. O gesto
de delicada bondade materna
conquistou-me para sempre. Com
muita simplicidade, posso dizer
que jamais me separei dessa mão.
Quando vieste ao mundo…
Desde criança, fui embebido
pelo clima religioso e devocional
mariano do meu tempo. Entre nós,
Maria era de casa.
Havia, todas as noites, a récita
cotidiana do terço em família. A
oração do Ângelus marcava
pontualmente a nossa jornada.
Aprendi de minha mãe a
venerar e festejar Nossa
Senhora através das
devoções populares dos
lugares onde vivi. Muitas
formas de tê-la pela mão...
Recordo ainda a última
noite anterior ao meu
ingresso no seminário de
Chieri. Na humilde e pequena
casa dos Becchi. Escolheu aquele
momento para uma importante
revelação, um segredo entre mãe
e filho:
“Meu Joãozinho, quando
nasceste eu te consagrei
a Nossa Senhora; quando
começaste os estudos, eu te
recomendei a devoção a nossa
Mãe. Pois agora também te
recomendo que sejas todo
dela”.
“Eu te consagrei”, queria dizer:
entreguei-te a Maria, ofereci-te a
Ela, és dela! Um ato de entrega
confiante à Mãe que tudo pode.
Assim quando estive entre os
jovens, eu lhes transmitia o
mesmo estilo de devoção: não
como uma roupa de festa, que se

usa apenas aos domingos, mas
como encontro cotidiano, familiar,
ferial com Maria, a mãe de todos
os dias!
Imaculada e Auxiliadora: foi ela
quem tudo fez
Era uma devoção muito concreta,
sólida, muito simples, jamais
inconsistente, sem afetação.
Recordava constantemente aos
jovens: “Maria quer a realidade e
não a aparência”.
Por isso, insistia: “Para ser
predileto de Nossa Senhora, é
preciso honrar o seu Filho”.
Maria era apresentada por mim
como aquela que nos leva a
Jesus. Condensava tudo no “fugir
do mal e fazer o que é bom, por
amor a Maria”. Mais prático e
concreto do que isso...
Duas certezas me sustentavam.
Primeiramente, eu insistia
em apresentar Maria como a
Imaculada. Na minha pequena
experiência, não podia esquecer
aquele 8 de dezembro de 1841,
quando acontecera o providencial
encontro com Bartolomeu Garelli.
Quarenta e cinco anos depois,
quando entrava no trem da
Espanha para Turim, recordava
aquele encontro com comoção e
gratidão: “Todas as benções que
choveram do céu sobre nós,
são fruto daquela primeira Ave-
Maria dita com fervor e com reta
intenção”.
Havia ainda motivos pastorais: em
contato com a fragilidade juvenil,
percebia a imensa necessidade
que os meus jovens tinham de
fixar o seu olhar em Maria, a
cheia de graça e dela acolher uma
mensagem atraente de pureza e
santidade a fim de poderem viver
a alegria de se sentirem filhos de
Deus.
Em Valdocco, em 1854, podia
contar com Domingos Sávio, o
admirável garoto que se propusera
o ideal de ser “uma bela roupa
para Nosso Senhor”. Com ele,
outros jovens (quase todos eles
futuros salesianos!) faziam parte
da Companhia da Imaculada
sendo precioso fermento de bem
na massa dos jovens do Oratório.
Depois, com o passar dos anos,
percebendo que a fé estava em
diminuição, também entre o povo
simples, sentia que era sempre
mais urgente difundir a devoção
a Nossa Senhora com o título
de Auxiliadora, aquela que
nos toma pela mão, que
nos ajuda, que jamais nos
perde de vista, que nos
mantém unidos à Igreja.
Agora e na hora da nossa
morte
Os estudiosos salesianos per-
ceberam que nas últimas ora-
ções feitas no leito da agonia, não
é a habitual invocação Maria Auxi-
liadora que brota dos meus lábios,
mas a súplica: Mãe, Maria Santís-
sima, Maria. Maria.
Ao final da vida, nos últimos ester-
tores da agonia, chegara finalmen-
te a tudo compreender.
Queria morrer justamente como
a criança do sonho de 62 anos
atrás. Com Nossa Senhora que
me tomava bondosamente pelas
mãos, enquanto eu sussurrava:
“Oh Mãe... Mãe... abri-me as por-
tas do paraíso”.
Padre Pascual Chávez
Reitor-Mor
(Resumo do último artigo que o P.
Pascual oferece ao Boletim Sale-
siano sobre Maria)
Maria,
a Mãe
de todos
os dias17 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
A espiritualidade salesiana
“Um dos seus traços
espirituais caraterizantes:
À vida virtuosa e à santidade são
chamados também os rapazes, os
adolescentes.
Em atenção à estrutura psicológica
destes, cuida as pequenas coisas,
confere maior importância à
mortificação interior do que à
corporal; faz finca-pé na alegria do
coração e na afetividade da piedade;
insiste na unificação da vida de
oração e da vida ativa; educa
para um espírito de adpatação e de
conciliação, sem nunca renunciar
à totalidade do dom de si a Deus.
Sobretudo, abre horizontes de
sentido, terrenos e ultraterrenos,
fascinantes e estimulantes”.
(Aldo Giraudo)
Em Janeiro, celebraram-se as XXXII Jornadas de Espiritua-
lidade da Família Salesiana, centradas, como é tradição, no
estudo e reflexão da estréia do Reitor-Mor.
Trazemos para estas páginas centráis do BS, dedicadas ao
tema da estréia, alguns textos ditos por dois importantes
estudiosos: Giraudo, experto em salesianidade, e Martelli,
experto em pastoral juvenil.
As citações que reportamos neste trabalho, falam-nos sobre
como Dom Bosco, homem espiritual mas, homem da acção,
soube mostrar aos seus jovens, e aos nossos jovens de
hoje, os caminhos para conseguir a santidade.
A linguagem de Dom Bosco não é a nossa de hoje, mas
as intuições, as verdades espirituais, os valores e virtudes
humanas e cristãos continuam sempre os mesmos. A nós
toca, a inteligência e a criatividade de saber ‘traduzir’ para
os jovens de hoje o que Dom Bosco fez e viveu com os
jovens, pois, e esta é a sua grande convicção, está mais
do que convencido de que os jovens são chamados a ser
santos.
Sávio, Laura, Ceferino, Rua, Rinaldi, Troncatti, Palomino...,
são a prova de que Dom Bosco tinha razão!18 BS Nº 57 Março/Abril 2014
A espiritualidade salesiana
“São traços inconfundíveis de
Dom Bosco como o ‘Servi o
Senhor em alegria’:
- a insistência na centralidade da
obediência como via de perfeita
configuração com Cristo no dom de
si;
- o acento posto na “bela virtude”,
a virtudeda castidade, eixo do
amadurecimento humano e cristão,
via para atingir um equilíbrio
geral dos afetos e uma intimidade
amorosa e verdadeira com Deus,
amado sobre todas as coisas;
- a valorização pedagógica dos
sacramentos;
- a promoção de uma forma de
devoção mariana inseparável
da decidida orientação interior
para a perfeição virtuosa na
correspondência ativa ao trabalho
da graça, no zelo pela glória de
Deus, no espírito de oração, no
exercício das virtudes quotidianas,
no fervor eucarístico e apostólico;
uma devoção mariana capaz de
acender no coração dos jovens o
desejo de mais alta perfeição, como
escreveu o padre Caviglia.
- a insistência na frequência
sacramental e no papel do
confessor-educador, do amigo da
alma que, conquistada a confiança
do rapaz:
~ ensina a arte do exame de
consciência,
~ forma para a contrição
perfeita,
~ estimula o propósito eficaz,
~ guia pelos caminhos da
purificação e do exercício da
virtude,
~ inicia no gosto pela oração
e pela prática da presença de
Deus,
~ ensina as vias de uma fecunda
comunhão com Cristo eucarístico”
(Aldo Giraudo)
Sam: «È como nas grandes histórias, patrão Frodo, as que
narram mesmo, cheias de pontos obscuros e de perigo e, por
vezes, não querias saber o final, porque como podia haver
um final feliz, como podia o mundo continuar como estava,
depois de tantas coisas más terem sucedido; mas no fim é
só uma coisa passageira, esta sombra, mesmo a obscuridade
deve passar, chegará um novo dia e, quando o sol brilhar,
será ainda mais luminoso.
Frodo: «A que estamos nós agarrados, Sam?».
Sam: «Há coisas boas neste mundo, patrão Frodo: é justo
combater por isto!».
(Do filme “O Senhor dos anéis – As duas torres”).
Eu acredito: “Há coisas boas neste mundo” e por isso tento
combater todos os dias “o bom combate”! Eu acredito e narro-
vo-lo através de algumas pinceladas de vida: jovens que me
ajudaram a crescer (e continuam a ajudar-me) como homem
e como Salesiano Cooperador, jovens para os quais vale a
pena apostar toda a vida.
Se a espiritualidade é um modo de viver o Evangelho, e o
Evangelho é a boa notícia do encontro com Jesus, para mim
o seu rosto está no rosto de tantos rapazes que, para usar a
linguagem de “O Principezinho”, me “cativaram”.
Penso em Stefania que aos 20 anos morreu de leucemia,
mas alguns dias antes quis cumprimentar todas as pessoas
que a tinham acompanhado. No leito do seu quarto, exausta
fisicamente pela doença, nunca deixou de sorrir, recomendou-
me que não fosse rigoroso com os meus alunos, fez-me a
pergunta mais difícil que alguma vez me fizeram: «Prof, no
Paraíso continuarei a sofrer?».
Penso em Giada que, uma tarde, – como todas as segundas-
feiras – fazendo comigo voluntariado junto dos imigrados e
os sem abrigo, recebe 5 euros de um pobre idoso contente a
quem tinha dado algum alívio, como se fosse uma sobrinha.
Desde então, aquela nota está emoldurada e exposta no seu
quarto para lhe recordar aquilo pelo qual é importante viver.
Durante
as Jornadas houve
momentos para os
testemunhos.
Apresentamos o de
Marco Pappalardo,
Salesiano Cooperador,
que nos apresenta a sua
vida e experiência junto
dos jovens.
Dom Bosco continua
vivo!19 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Penso em Gianmaria que na
escola todos os dias encontrava a
fumar nos quartos de banho e ao
qual deitei fora uma meia centena
de cigarros; desde então, não
deixa de me telefonar em todas as
festas para me felicitar.
Penso em Milena que, depois
de um dia difícil na escola, vem
ter comigo no corredor, me dá
uma palmadinha nas costas e
me diz com largo sorriso: «Esteja
descansado, prof!».
Penso em Gianni que, uma manhã
no campo de férias de verão do
oratório, ao ver-me preocupado
por o dia estar chuvoso, me diz:
«Marco, que é que te preocupa? O
importante é que o sol está dentro
de nós».
Penso em Mohamed, conhecido
uma noite num pórtico, acabado
de chegar depois de um
desembarque: vendo-o em más
condições, oferecemos-lhe várias
refeições quentes mas, depois da
primeira, não aceita mais dizendo-
nos: «Não, obrigado, porque
amanhã também há Deus!».
Penso em Gaetano que vivia num
bairro difícil da cidade e participava
nas nossas atividades do oratório:
no fim do dia de jogos, fui ter com
sua mãe que habitualmente ficava
à distância. O filho tinha fama de
desordeiro e dele se contava o
pior. Tendo-se aproximado de mim,
ouvi-lhe logo dizer: «Em que é que
se meteu hoje este delinquente?».
Respondi com calma e a sorrir:
«Senhora, parabéns! O seu filho
foi fantástico. Estamos muito
contentes com ele». A mãe não
acreditava no que ouvira, começou
a chorar e abraçou Gaetano.
Perguntei porque chorava e ela
respondeu: «Porque é a primeira
vez, em doze anos, que alguém
me diz que o meu filho se portou
bem e está contente com ele».
Penso em tantos ex-alunos que
se admiram e não sabem como
agradecer quando lhes telefono
para lhes dar os parabéns pelo
aniversário.
Penso em Rosário, conhecido por
Saro, que todos os animadores
repreendiam no oratório, mas
nunca ninguém, por meses e
meses, lhe perguntara como se
chamava.
Penso nas horas
noturnas passadas
em chat e em social
para falar com
Chiara que não se
sente amada por
ninguém e vomita o que come.
Penso em Giuseppe, um jovem
ex-aluno, órfão de pai, que hoje
terminou a licenciatura e publicou
uma coletânea de poemas
realizando um pequeno sonho seu.
Então qualquer vida é uma história
grande, daquelas que contam
mesmo e, para poder viver, é
necessário estar agarrado a
alguma coisa, a Alguém. Neste
mundo, apesar de tudo, há
qualquer coisa de bom pelo qual
vale a pena lutar!
Dom Bosco escolheu apostar
no bem que havia nos rapazes,
começando mesmo pelos
últimos e vendo-os com o rosto
do Ressuscitado, um rosto que
manifesta bondade e alegria.
E nós, podemos ficar só a olhar
ou a admirar o que outros fazem?
Certamente nalgumas situações
deveriam pensar as Instituições,
mas não é porventura verdade que
a primeira “instituição” é mesmo
o homem e que não serão com
certeza as Instituições a ir para
o Paraíso ou para qualquer outra
parte mais abaixo?
Em cada uma
das “Terras
da Educação”
somos
chamados
a estar com
um olhar de
“ressuscitados”20 BS Nº 57 Março/Abril 2014
A espiritualidade salesiana
Nos lugares em que não estamos
presentes nós, haverá outros
prontos a roubar o coração e a
serenidade aos jovens, oferecendo
podridão barata e disfarçada de
bem.
Em cada uma das “Terras da
Educação” somos chamados
a estar com um olhar de
“ressuscitados”, com a alegria
de quem encontrou Jesus Cristo,
porque – se estamos tristes –
quer dizer que encontrámos
qualquer outro! Podia lá Jesus
ser alguma vez um homem triste?
Quem seguiria um jovem de rosto
fechado, quem passaria tempo
com ele? E eu? Sou daqueles
que, quando me perguntam
“como estás”, respondo “poderia
andar melhor” ou daqueles que
respondem “Bem!
Por tudo agradeço ao Senhor”?
Estou certo que o bem é mais
contagioso do que o mal; creio
que uma floresta inteira a crescer
pode fazer mais ruído do que
uma árvore que cai; sonho que
quem nasce redondo pode morrer
quadrado à margem de todas as
leis da geometria; esforço-me para
que de todos os sonhos possa
nascer um projeto de vida.
Permiti-me, por fim, que fale do
paraíso porque a nossa verdadeira
missão é o céu a partir desta terra!
Penso que queirais ir todos para o
Paraíso, Deus queira que não seja
já. Eu também! Não iremos para
o Paraíso por o papa Francisco
testemunhar e viver a pobreza
e atenção aos últimos, não nos
bastará dizer a S. Pedro: «Somos
“A vida de Dom Bosco
pode facilmente
resumirse numa
longa conjugação do
verbo fazer.
Desde o sonho dos nove
anos até ao fato já gasto
de 31 de janeiro de 1888,
a vida do Santo é uma
sequência contínua de
coisas feitas, campos a
lavrar, liberdades a pôr
em ação, valores morais a
transmitir, ensinamentos a
dar”.
“Este “fazer” transforma
por completo o seu modo
de ver Deus, de o sentir,
de viver a fé, com aquela
Providência omnipresente
do Pai que é precisamente
o estar presente de Deus,
como o Deus de Moisés
na sarça ardente; o estar
presente de uma liberdade
para mim, de uma atuação
paterna de Deus em
relação a mim, de um
amor divino que não é feito
de palavras vazias porque,
quando Deus fala, cria e
a sua presença é sempre
afetiva e efetiva e sabe
ser sempre amor, perdão,
repreensão,chamamento,
presença, tarefa,...”.

(Alberto Martelli)
amigos do papa Francisco».
Funcionará talvez um pouco
como em certas discotecas
ou locais onde se entra só
acompanhado, onde a mulher
entra gratis!
Só entraremos no Paraíso, se
estivermos acompanhados dos
jovens a quem quisemos bem
e salvámos, serão eles o nosso
passe, serão eles o nosso bilhete
de entrada.
Os votos para este novo ano
e para toda a vida é caminhar
com os pés assentes no chão,
de olhos no céu, de mangas
arregaçadas para o trabalho; a
missão é ser felizes, mas não sê-
lo sozinhos!21 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Testemunhos
Celebrando estes dois santos que amaram os jovens -
Dom Bosco e Papa João Paulo II- trazemos do arquivo histórico
um trecho da carta ‘Juvenum Patris’ que João Paulo II escreveu por
ocasião do centenário da morte de D. Bosco em 1988.
O texto que apresentamos fala-nos da estreita relação que existe em
Dom Bosco entre ‘educação’ e ‘santidade’.
S ão João Bosco sentia ter
recebido uma vocação
especial e, no modo de actuar
a sua missão, ser assistido e
quase guiado pelo Senhor e pela
intervenção materna da virgem
Maria. A sua resposta foi tal que
a Igreja o propôs oficialmente aos

fiéis como modelo de santidade.
A sua estatura de santo fá-
lo original entre os grandes
fundadores de institutos religiosos
na Igreja. Sobressai por muitos
aspectos:
- é o iniciador de uma verdadeira
escola de nova e atraente
espiritualidade apostólica;
- é o promotor de especial devoção
a Maria, Auxiliadora dos Cristãos e
Mãe da Igreja;
- é a testemunha de leal e corajoso
sentido eclesial, manifestado
através de mediações delicadas
nas então difíceis relações da
Igreja com o Estado;
- é o apóstolo realista e prático,
abeto aos contributos das novas
descobertas;
- é o organizador zeloso
de missões, com
s e n s i b i l i d a d e
v e r d a d e i r a m e n t e
c a t ó l i c a ;
é, por
excelência, o exemplar de um
amor preferencial pelos jovens,
especialmente pelos mais
necessitados, para o bem da
Igreja e da sociedade;
- é o mestre de uma eficaz e genial
praxis pedagógica, deixada como
dom precioso a ser conservado e
desenvolvido…
É precisamente tal intercâmbio
entre educação e santidade
o aspecto característico da sua
figura:
+ ele é um educador santo;
+ inspira-se num modelo santo –
Francisco de Sales-;
+ é discípulo de um mestre
espiritual santo -José Cafasso-;
+ e sabe formar entre os seus
rapazes um educando santo –
Domingos Sávio-.
P ara São João Bosco, fundador
de uma grande família
espiritual, pode-se dizer que o
traço peculiar da sua ‘genialidade’
está ligado à praxis educativa
por ele mesmo chamada sistema
preventivo. Representa, de certo
modo, a síntese da sua
sabedoria pedagógica, e
constitui a mensagem
profética por ele deixada
aos seus e a toda a
igreja, daí recebendo atenção e
reconhecimento de numerosos
educadores e estudiosos da
pedagogia.
O essêncial dos seus
ensinamentos permanece; as
peculiaridades do seu espírito, as
suas intuições, o seu estilo, o seu
carisma não perdem valor, porque
inspirados na transcendente
pedagogia de Deus.
N a Igreja e no mundo a visão
educativa integral que vemos
encarnada em João Bosco, é uma
pedagogia realista da santidade.
Urge recuperar o verdadeiro
conceito de ‘santidade’, como
componente da vida de todo o
crente. A originalidade e a audácia
da proposta de uma santidade
juvenil são intrínsecas à arte
educativa deste grande Santo,
que pode ser justamente definido
como mestre de espiritualidade
juvenil.
O seu particular segredo
foi o de não frustrar as
aspirações profundas dos jovens
(necessidade de vida, de amor, de
expansão, de alegria, de liberdade,
de futuro), e ao mesmo tempo, de
os levar, gradual e realisticamente,
a experimentar que só na ‘vida
em graça’, isto é, na amizade com
Cristo, se realizam os ideais mais
autênticos.22 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Vida da Igreja
No dia 27 de abril, a Igreja viverá um momento de grande alegria com a canonização de dois
grandes Papas dos recentes tempos da Igreja.
No 2º domingo de Páscoa, Domingo da Misericórdia, o Papa Francisco elevará aos altares como SANTOS ao
Papa João XXIII e ao Papa João Paulo II.
São testemunhas recentes de dois homens que deram a vida por Cristo e pela sua Igreja.
JOÃO XXIII JOÃO PAULO II
O Papa BOM, como era chamado
João XXIII, foi escolhido como
Sucessor de Pedro com uma idade
avançada. Muitos pensavam que
ele ‘estaria de passo’.
Mas, o Espírito Santo que anima
a Igreja, fez do Papa João
o instrumento para a grande
mudança da Igreja nos tempos
modernos. Em efeito, João XXIII
teve a coragem de convocar o
Concilio Ecuménico do Vaticano
II, que teve inicio no ano de 1962
e cujos efeitos ainda vivemos na
Igreja de hoje.
Papa João destacou pela sua
bondade ao longo da sua vida e
nos diferentes serviços que teve
de prestar à Igreja como Nuncio
Apostólico, em situações mesmo
difíceis.
Morreu aos 3 de Junho de 1963.
Quando se realizaram os funerais
deste grande Papa missionário,
levantaram-se cartazes onde
estava escrito: ‘Santo, já!’, ‘João
Paulo II, o Grande!’.
Com efeito, após 9 anos do seu
falecimento, temos a alegria de
poder celebrar a canonização do
Papa Wojtyila, o Papa peregrino
que foi levando a mensagem de
Jesus por todo o mundo.
É o Papa das Jornadas Mundiais
da Juventude, aquele que reuniu
milhares de jovens e aos quais
não tinha medo de lhes falar claro,
de lhes exigir uma vida cristã forte
e fiel.
É o Papa que beatificou, nos ‘I
Becchi’, a Laura Vicunha quando
os 100 anos da morte de D. Bosco
e depois, outros muitos santos e
beatos salesianos.
“Para o povo, Dom Bosco
sempre foi o sacerdote dos
rapazes, dos jovens, que é o
mesmo que dizer, o sacerdote
totalmente entregue à
sua educação religiosa, à
educação moral, à formação
das virtudes cívicas e ao
trabalho”.
Mas Dom Bosco é também
“o sacerdote do Papa: o
sacerdote Romano, que levou
a dizer na sua cidade, com
um pouco de inveja: «Roma
te admira. Turim te ama»”
João XXIII, 11 Maio 1959
«João Bosco chega a tão
grande dom de si aos
jovens no meio de difi-
culdades, às vezes ex-
tremas, graças a uma
singular e intensa ca-
ridade, ou seja, devido
a uma energia interior
que nele une insepara-
velmente o amor de Deus
e o amor do próximo.
Consegue assim estabe-
lecer uma síntese entre
actividade evangeliza-
dora e actividade educa-
tiva.»
João Paulo II, 198823 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Cristãos em formação
VIVER a MISERICÓRDIA
Porque é que nos devemos
confessar a um sacerdote?
Não o podemos fazer sozinhos,
directamente com Deus?
E ncontrando os jovens cristãos
que conheço fui fazendo-lhes a
pergunta :
Estamos em tempo de preparação
à Quaresma. Fala-se de conversão
e de participar no sacramento da
Confissão. Porque é que devemos
confessar a um sacerdote, não
o podemos fazer sozinhos,
directamente com Deus ?
A pos um sorriso de surpresa ....
foram respondendo :
- Se eu não confessar com o
sacerdote que repressenta Deus,
sou um covarde , pois sentiria
medo do sacerdote e estaria
fugindo d’Aquele que me dá
o perdão em nome de Cristo,
segundo a tradição da Igreja. A
confissáo me liberta do pecado e
sinto a alegria da consciencia em
paz.
- Sinto uma grande alegria na
confissáo , pois o sacerdote após
perdoar os meus pecados me da
os conselhos que precisso para
melhorar. Depois da confissão
rezo para não continuar nas
mesmas , ou não cair em outros
pecados. Assim a consciencia não
pessa .fico leve e feliz .
- Aprendi na catequese que o
sacerdote é o repressentante
de CRISTO e me aproximo ao
Sacramento com a fé .Fico feliz !
- A confissão com o sacerdote me
faz sentir” livre “e experimento
alegria e gratidão quando me diz:
Vai em Paz! Eu perdou os teus
pecados.
O sacramento da Igreja Catolica
chama a este Sacramento:
Sacramento da reconciliação.
O sacramento transforma a
pessoa. Uma coisa é que alguém
me perdoe os pecados , mas eu
posso continuar nas mesmas
como antes. Outra coisa é mudar
desde dentro. Isto é o que faz
o sacramento: é um sinal de
Cristo Salvador e Cristo salva
transformando pessoas.
O conteúdo deste Sacramento
é a conversáo cristã . Não é
o programinho de conversão que
eu elaboro para viver durante a
Quaresma: Não comer feijão...,
não ir a discoteca..., não comer
carne..., etc. A conversão cristã é
a transformação do pecador num
ser limpo como Jesus.
O catecismo da Igreja Catolica
nos apressenta as parabolas
da Misericordia e diz : “Jesus
fala de Deus que ama os homens
como um pai ou uma mãe ama o
filho ou a filha . O seu amor não se
cansa. Manten-se mesmo quando
as pessoas seguem outro caminho
desprezando as palavras e os
mandamentos divinos .
O bservemos a parabola do Filho
Prodigo (Lc.15,11-32): Esse
pai misericordioso , após todas as
coisas que fez o rapaz, não lhe
faz perguntas para o envergonhar.
Disse aos seus servos: Ide
depressa, trazei a melhor túnica e
revesti-o, comamos e festejemos,
este meu filho estava morto e
tornou a viver, estava perdido e foi
reencontrado...”.
J esus fala do Pai. Exorta o
povo –cada um em particular–
a converter-se e voltar ao Pai
que é lento na cólera e pronto
para o perdáo. Investido de pleno
poder pelo Pai, Jesus oferece aos
pecadores reconciliação e perdão.
Uma NOVA VIDA.
É nesta missão da Igreja que
o evangelista S.João pensa
quando conta que Jesus estando
entre os apóstolos na tarde
de Pascoa, sopra sobre eles o
Espirito Santo e da-lhes o poder
de perdoar os pecados .
C ada baptizado pode receber o
sacramento da reconcilação
por meio dum sacerdote que
obteve da Igreja a autoridade para
o fazer.
É o sacramento, que se realiza
com um dialogo sincero com o
sacerdote, que realiza pela graça
do Espiritu Santo, a conversão.
E xperimentemos a misericórdia,
a bondade e a ternura de Deus
amor nesta Quaresma.
Ligia González, Fma24 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Construindo Famílias
Educar com as famílias
(2ª parte)
T oda a nossa vida é uma
procura da nossa origem. Seja
consciente ou inconscientemente,
nós estamos buscando a nossa
origem.
N ós entendemos, que temos
de educar levando em conta
a pertença, levando em conta
a família. Significa colocar em
acto algumas acções e usar
instrumentos. Porque temos que
despertar as potencialidades que
estão presentes nas crianças, que
se apresenta com a mãe para ser
inserida na escola.
A nossa tarefa não é só a de
ensinar algumas competências
para essa criança, mas é a de
educá-la. E, nesse sentido, a
tarefa educativa não pode ser algo
individual, mas o resultado de um
projeto comum, compartilhado por
adultos que livremente assumem a
responsabilidade de conduzi-lo.
I sso cria de imediato uma
visibilidade e também uma cultura
no nível civil e social. O processo
educativo, se é algo compartilhado
entre adultos num lugar, que são
os educadores e a família, isso
logo determina um processo
e provoca uma mudança em
oposição àquele conceito reduzido
de família.
O lhando às famílias como
destruídas, olham-se como
algo que deve ser cuidado e deve
ser apoiado. Pelo contrário, a
família é um sujeito, um recurso, e
enquanto sujeito, ela não se coloca
logo como um sujeito doente.
Devemos lutar todos os dias para
tirar a mentalidade, que nos foi
colocada, de que a família é um
sujeito que deve ser ajudado. Pelo
contrário, a família é um recurso
que pode ser uma resposta social.
A educação é feita pelos adultos
educadores e pela família.
O que está a acontecer é que
está desaparecendo o conceito
de educação, para introduzir
alguns conceitos psicológicos
com abordagem na criança, para
eliminar o ponto final, o objetivo, a
meta da educação, porque educar
é difícil.
P ara educar, é preciso
compartilhar entre os adultos o
objetivo e o sentido, é preciso que
nos deixemos educar. Os pais,
como também os educadores,
deveriam educar-se para educar,
ou seja, uma contínua tensão
para querer compreender e ajudar
essa criança que está na minha
frente a crescer. Isso leva a um
diálogo, uma aventura educativa,
na qual cada acção, cada passo
no processo de educar deve ser
a base para enriquecer e criar
sempre novos instrumentos. 25 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
É possível educar se nós
mudamos.
É necessário trabalhar com
as famílias, não para as
famílias. A questão fundamental
é que a família junto com o
educador, qualquer que seja o
nível cultural da família, possa
participar e compartilhar o
projeto educativo para aquela
criança. Se não é assim, cada
acção se torna simplesmente um
instrumento, um espaço de tempo
e de relacionamento, mas vazio de
significado, de sentido.
P ara educar, devemos
continuamente despertar em
nós o sentido de educar, porque
as nossas respostas às crianças
e às famílias não devem ser pré-
definidas, mas devem ser uma
contínua surpresa, quase uma
antecipação do pedido.
O trabalho de educar é o trabalho mais fascinante,
mais interessante da vida, porque é uma
provocação contínua no encontro de dois rostos,
de duas pessoas que juntas procuram e constroem
respostas adequadas
E ste é o trabalho com as famílias.
Parece pouca coisa, ou parece
não ter algo de novo, mas é, em
definitiva, um quotidiano paciente,
uma capacidade de olhar de modo
profundo que pode permitir o
trabalho real com as famílias.
S endo que cada pessoa é
única e irrepetível, assim
cada família é única e irrepetível.
Não podemos tratar do mesmo
modo todas as famílias. Tendo
isto presente, o nosso trabalho
se torna uma novidade contínua,
não pode ser um costume; onde
existe um relacionamento entre
duas pessoas sempre acontece
uma novidade, algo de novo.
Há sempre algo que suscita
maravilha, o ambiente, de família,
de educação e de relacionamento.
T udo isso faz parte de uma
história, da história pessoal
daquela criança, da história
daquela família e da história
daquele povo.
P ovo, uma palavra que
agora não estamos mais
acostumados a usar. Esta história
é o trabalho com as famílias; o
desejo de conhecer esta história,
o desejo de descobrir as raízes e
as tradições dessa história, não de
cortá-las, porque lembrem-se que
cada pessoa que está obrigada,
por um poder ou por situações ou
por qualquer outra razão, a cortar
as próprias raízes não pode ser
uma pessoa livre.
L embrem-se que a liberdade
não significa fazer aquilo que
se quer, mas ter um lugar, uma
casa onde se possa desenvolver a
competência e se tornar adulto.
Silvana Monachello, Fma
“Muliwo unakoma na thuyi”
“O caril ganha sabor com o tempero do amendoim moído”
Este provérbio sena ensina que os filhos
ondem mais e melhor aprendem é perto do ambiente criado pela mãe26 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Olhando à vida
TESTEMUNHAS
DA
RADICALIDADE
EVANGÉLICA
Caros irmaos:
No dia 22 de Fevereiro partimos cedo, do Salesianum (na Casa Geral de
Roma), pelas 5:00 horas da manha. Assim iniciamos a peregrinacão aos
lugares salesianos que durará tres dias de 22 a 24 de Fevereiro.
Tres autocarros, cheios de salesianos de varias partes do mundo, partem
em direcao de Turim onde chegamos pelas 15:00 horas. A viagem foi
serena e agradavel.
Chegados a Turim e acomodados, fomos de autocarro a Valsalice onde
vistamos o primeiro tumulo de Dom Bosco. Em seguida em grupos
linguisticos tivemos a primeira conferencia: (Trabalho e temperanca no
testamento espiritual de Dom Bosco). Partindo do testemunho de Don
Rua e das suas cartas circulares acentuaram-se alguns aspetos: (a
santidade dos filhos seja a prova da santidade do Pai); a observancia
e a fidelidade religiosa; a primeira finalidade da Congregacao é a
santificacao dos seus membros; o trabalho e a temperanca farao florir a
Congregacao salesiana.
Em seguida dirigimo-nos a Basilica de Maria Auxiliadora onde
celebramos a eucaristia presidida pelo Reitor Maior. Na conclussão
todos fomos rezar junto à urna de Dom Bosco e finalmente em oracão
visitamos a capela da reliquias. Seguiu-se o jantar. A jornada terminou
com a representacao teatral (Da mihi animas…) executado pelos pós-
novicos salesianos de Piave. Foi um espetaculo excecional. Pelas 22:15
horas conclui-se com a boa noite do Reitor Maior que realcou o tema do
teatro. Luta entre a atracao enganosa do senhor dinheiro e a resposta
que devemos dar a Deus fugindo do mal e seguindo o nosso Salvador.
Comecamos a nossa peregrinacao aos lugares salesianos encontrando
nosso Pai Dom Bosco e escutando-o. A viagem de Valsalice a Basilica
fez-me recordar afetivamente a trasladacao das reliquias de Dom Bosco
de Valsalice a Valdocco. Rezemos pelo CG27,
Com afecto em Dom Bosco
P. Américo Chaquisse
O Capítulo Geral (CG)
é o órgao de máxima
autoridade da Congregação
Salesiana. É convocado
cada seis anos e presidido
pelo Reitor Mor.
Nele participam represen-
tantes de todas as Provín-
cias Salesianas do mundo
inteiro, segundo as indica-
ções das Constituições Sa-
lesianas.
Duas tarefas importantes,
entre outras, realiza todo
CG:
- À luz do Espírito Santo,
estudar um tema (ver su-
pra), reflectido primeiro nos
Capítulos Provinciais, e
propôr a todos os salesia-
nos o caminho carismático
para viver nos seguintes
seis anos;
- eleger o Reitor Maior e o
Conselho Geral que anima-
rão e governarão a Congre-
gação.
Na ultima semana de Março
será escolhido o 10º Suces-
sor de Dom Bosco e o dia
12 de Abril terminará o CG.27 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Os participantes de Moçambique
no CG27 junto ao Reitor Mor, P.
Pascual Chávez, que preside o seu
último CG: P. Américo Chaquisse e
Delegado P. Adolfo Sarmento
Os números também falam. Eis os números do CG para entendermos
como está formada a Congregação salesiana, países onde trabalham
os salesianos, culturas onde desenvolve a sua missão.
220 partipantes entre delegados e convidados.
- pertencem a 58 nacionalidades (que representam a
muitas mais nações, pois muitos deles são missionários e estão
representado o seu país de missão e não de origem)
- Os grupos mais numerosos são:
~ 34 italianos
~ 31 indianos
~ 20 espanhóis
~ 13 brasileiros
~ 10 polacos.
- 22 países são representados por um delegado cada um.
Estes capitulares representam as 8 Regiões em que está dividida
a Congregação. Eis os números de presença que indicam uma
quase igualdade de representatividade:
- 32 capitulares da Europa Norte
- 26 capitulares da Interamérica
- 26 capitulares da Ásia Sul
- 24 capitulares de África-Madagascar
- 21 capitulares da América Cone Sul
- 21 capitulares da Ásia Leste-Oceânia
- 20 capitulares da Itália-Oriente Médio
- 17 capitulares da Europa Oeste.
Além das Regiões, outros capitulares também representam outras
estructuras congregacionais:
- 15 membros do Conselho Geral, o Secretário Geral e o
Procurador Geral
- 2 capitulares da Universidade Pontifícia Salesiana
- 1 capitular da Casa Geral e 13 convidados
Dados curiosos:
- O capitular mais jovem é do Sri Lanka (34 anos) e o mais
idoso o P. Maraccani (78 anos)
- A primeira língua materna mais falada é o inglês (74 capitu-
lares); a segunda é o italiano (64); a terceira é o espanhol (56); a
quarta é o português (15) e a sexta o francês (10).
- 127 capitulares participam por primeira vez (57,73%); 64
capitulares é a segunda vez que participam e o que mais partici-
pou em Capítulos é o P. Maraccani, com 8 Capítulos Gerais!
Os números do CG 27º
Saudações Cordiais: Algumas
informações sobre o CG27.
A primeira parte do CG27 iníciamos
no lugar histórico salesiano
em Turim, terra di Dom Bosco.
Foram dias intensos para viver
a espiritualidade salesiana,
conhecendo o berço do carisma de
Dom Bosco, Valdocco, Valsalice e
Colle Don Bosco. Os capitulares
foram acompanhados pelos
expertos em salesianidade da UPS.
Os trabalhos foram divididos em
grupos linguisticos, Italiano, Ingles
e Espanhol.
A segunda parte do inicio do
CG realizou-se na Casa Geral.
Na 3ª e 4ª feira, foram dias de
apresentações dos dicasterios
(Formação, Missão, Pastoral
Juvenil, Familia Salesiana,
Comunicação Social e Economia)
e das regiões do mundo pelos
responsáveis. Realmente nos
deram uma visão global sobre a
condição actual da congregação.
Da 4ª feira até ao domingo, ao meio
dia, foi o momento dos Exercicios
Espirituais orientados pelo P.
Juan José Bartolome. Unidos em
oração. P. Adolfo Sarmento28 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Filhas de Maria Auxiliadora
A salesiana, Irmã
Amelia Savane participou
num dos encontros que as FMA
organizam em Terra Santa, para
promover o conhecimento da-
queles lugares de Jesus e, so-
bretudo, para conhecer mais a
Biblia. Conta-nos a susa linda
experiência.
“ A Gratidao
tem as suas raizes no ceu”
É o sentimento que brota do meu
coração neste momento. É
esta a convicção que trago dentro
do meu coração e quero exprimir
o meu obrigada por esta grande
graça, por esta experiência vivida.
D eus ofereceu–me estes 40
dias que foram para mim
momentos de oração, de reflexão,
de fraternidade e sobretudo de
profunda sintonia espiritual com
Deus e de renovação.

Q ue emoção grande senti ao
pisar o chão que Ele pisou,
passar por onde Ele passou e
anunciou o grande amor de Deus
com a palavra e entregando a
própria vida em meio a tanta
contradição.
G etsemani - O Monte das
Oliveiras fala profundo ao
coração. Lá tivemos a Missa de
abertura do projeto presidida pelo
salesiano padre Gian, missionario
em Jerusalem.
Lugar de intimidade com seus
discipulos, la onde Ele revela aos
seus o segredo do seu coração.
“ A Minha alma está triste até a
morte.” “ Vigiai e orai.”
Lugar do momento decisivo de Sua
vida. “ Pai se é possivel afasta de
Mim este calice, mas não se faça
a minha vontade mas sim a Tua”.
A experiencia continua com as
Peregrinações aos lugares
Santos. Falar das peregrinações
aos lugares Santos, para mim
foram uma riqueza, guiadas pela
Irmã Dulce Hirata FMA, que era a
responsavel pelo projecto, muito
segura e preparada sobre os
lugares, sempre preparava-nos
explicando sobre o lugar onde
iriamos, foi muito bom porque
assim nos ajudava a entrar e
a perceber o sucedido naquele
lugar, e a leitura da Palavra de
Deus referente ao lugar, ajudou-
me não só a ver o lugar mas sim
a rezar.
T ivemos a graca de passar
pelos lugares por onde Jesus
passou e esteve:
O sinedrio, lugar da
condenação, lugar da prisao
de Jesus e da negação de Pedro;
O Calvario, o Caminho da via
dolorosa;
O Santo Sepulcro – “ Porque
buscais entre os mortos Aquele
que esta vivo.” “ Não temais! Sei
que estais procurando Jesus, o
Crucificado. Ele não está aqui,
pois ressuscitou... Vinde ver ver o
lugar onde Ele jazia, e depressa,
ide dizer aos seus discipulos: Ele
ressuscitou de entre os mortos,
e eis que vos precedera na
Galileia...”.
H oje digo o mesmo “ Ele esta
Vivo” , tive esta graça de estar
e participar da Eucaristia dentro do
Sepulcro onde esteve sepultado
Jesus, por duas vezes como
grupo, foi um momento forte de
emoção e de oração.
O lugar da Instituição da
Eucaristia da ultima Ceia de
Jesus com os discipulos;Cenáculo
– Descida do Espirito Santo e a
dormisão de Nossa Senhora. Foi
Igreja das Bem-aventuranças
A cruz do Santos Lugares
Lugar do nascimento de Jesus
Basílica do Getsemaní29 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
uma experiência muito forte de
oração.
B etânia – Marta, Maria e Lazaro.
“ Marta, Marta, tu te preocupas
com muita coisa, e uma só é
necessaria, Maria escolheu a
melhor parte que não lhe será
tirada”. Marta, que acolhe a
Jesus, põe – se ao serviço para
providenciar algo para Jesus,
aquela que serve. Maria é discipula
sentada aos pes de Jesus.
A visita aos nossos irmãos
salesianos de Jerusalem, as
comunidades das nossas irmãs
de Belem, Cremisan, Nazare,
foram oportunas e importantes
para conhecer as nossas irmãs e
os nossos irmãos Salesianos na
Terra Santa e conhecer a alegria
da missão sem distinção que eles
desenpenham . Foi um momento
de verdadeira vida de espirito de
família.
T ivemos a possibilidade de
algumas aulas sobre o
Estado de Israel e a Autoridade
Palestinesa;
A s grandes religiões presentes
em Terra Santa - Jerusalem,
falou–nos Dom Pier Giorgio
Salesiano, interessante ouvir e
conhecer um pouco da historia.
O s passos para a Lectio Divina,
e o exercicio pratico, foi muito
util para mim, e ajudou –me a
perceber o que é ler a Biblia com
a Biblia.
A Palavra de Deus em Dom
Bosco e em Madre Mazzarello.
A Palavra de Deus e as nossas
Constituições, como encontrar as
raizes Biblicas nos artigos das
nossas Constituições. Biblia e
Projecto Formativo.
T ivemos tambem algumas
aulas sobre São Paulo, com
o padre Marcello Buscerni, ofm-
Franciscano.
C ontinuamos com as
peregrinações, Belem na
Basilica da Natividade, ao lugar do
nascimento de Jesus, a gruta
dos pastores, foi um momento
de oracao pelas nossas familias,
comunidades e mais, foi bonito.
N azare, na Basilica da
Anunciação, foi um momento
de gratidão a Deus pelo Sim de
Maria. Foi tambem momento de
renovação vocacional e de oração
pela fidelidade;
O lugar da Multiplicação dos
pães;
C ana da Galileia, onde Maria
antecipa a hora de Jesus, da
manifestação da gloria.
O mar da Galileia – o primado
de Pedro, o monte das Bem
Aventuranças, o passeio no lago
de Tiberiades, Carfanaun e a
Sinagoga, rio Jordao e mais, foi
uma experiencia linda, de encontro
com a Palavra, de renovação da
Fé, e de oracao.
R esumidamente assim, foi a
experiência única e particular
na minha vida feliz como
consagrada,foi momento forte de
encontro com Deus na Palavra
junto aos lugares Santos que
todos falam da presença de Deus.
S into -me agradecida por
tamanho dom oferecido
pelo nosso Instituto, pela
Provincia. Obrigada de coração
por esta grande graca que me
oferecestes e feliz por feito parte
desta experiencia.
A gora o compromisso de tornar
esta experiencia viva na minha
vida do dia dia a dia. Que o Senhor
me ajude com a Sua graça.
O Projecto Jerusalém foi
para mim uma verdadeira
formação como pessoa e
como comunidade, pelo  que
vi, ouvi, e experimentei em
torno da Palavra máxima:
JESUS!30 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Páginas missionárias
Voluntários do Chile em Moçambique
A minha experiência como
voluntária nesta segunda viagem
a terras africanas foi um desafio,
sim, um desafio, porque Deus
mais uma vez encarregou-se
de mudar tudo: o projecto e o
trabalho tão bem estructurado
que traziamos.
Ele queria outra coisa para
nós. Queria nos ensinar algo
importante.
No pessoal ajudou-me bastante
a reconhecer o por que faço a
missão, mesmo que encontremos
barreiras.
Pude constatar que ser voluntário
não é só ajudar num projecto,
é mais bem estar, mostrar que
estamos interessados pelo nosso
próximo, e isto é o que tem mais
valor.
Este mês de experiência, fez-me
consciente daquilo que o Senhor
me ofereceu: o reconhecer que o
mais importante desta missão foi
acompanhar, e ser testemunha
da grandeza da nossa Igreja,
dos sacerdotes, religiosos e
religiosas, que fazem que dia a
dia este povo machucado tantas
vezes pelas injustiças do homem,
sintam que são importantes e
valiosos.
Regressei a Chile serena e feliz,
porque aprendi que amar é só dar
e dar, sem importar nada mais
que tão somente dar.
Mariela Araya, Assesora jurista
Durante o mes de Janeiro de
2014 um grupo de 4 voluntários
chilenos: Mariela Araya
(assessora jurídica), Maria Paz
António (Psicóloga), Hernán
Alburquenque (Engenheiro) e
Mariela Castro (Educadora de
crianças), que pertencem à
Fundação Missão Solidária África,
realizou o seu serviço trabalho
na localidade de Inharrime,
concretamente no internato de
‘Laura Vicunha’, dirigido pelas
Filhas de Maria Auxiliadora.
O seu trabalho, visto que as
crianças estavam de férias, teve
de mudar de esquema e deram
o seu contributo criando murais e
embelezando o lar das meninas
e a escola primária, melhorando
desta maneira o ambiente externo
das crianças.
Num segundo momento da
experiência do voluntariado,
realizaram trabalhos de formação
para os agentes de pastoral da
Paróquia São Maximiliano Maria
Kolbe, animada pelos Padres
Palotinos, em várias comunidades
da missão, assim como na nova
escolinha das Irmãs Palotinas.
Após o seu trabalho realizado du-
rante um mês em Inharrime, vie-
ram até ao sul, onde animaram
durante os dias 23 e 24 de janei-
ro, um curso de técnicas de ani-
mação na casa dos salesianos de
Matola.
Participaram no curso os aspiran-
tes salesianos, jovens da Paró-
quia do Amparo e da comunidade
cristã de Santa Maria, fazendo um
total de 30 participantes.
Houve momentos formativos, de
oração e, principalmente, de ani-
mação. O resultado foi valorizado
muito positivamente por todos os
participantes jovens.
Também nos deixaram os seus
testemunhos pessoais desta ex-
periência.31 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Trabalhar como voluntária em
Moçambique, durante este
periodo de tempo, foi uma
experiência muito enriquecedora
e de muita aprendizagem.
Partilhando com as pessoas e
com a sua vida quotidiana é onde
descobrí as riquezas deste lugar.
Dou muito valor poder conhecer,
partilhar e aprender daquelas
pessoas que fazem da sua vida
uma vocação ao serviço dos
outros.
María Paz Antonio Benavente
27 Anos - Psicóloga.
Este voluntariado em África deu-me uma visão mais sensível das
riquezas e oportunidades do povo moçambicano.
Sem dúvida, valorizo muito a possibilidade de partilhar e viver com
as pessoas e as suas experiências de vida, porque, fez-me crescer e
avanzar. Porém, não se pode mudar o mundo em duas semanas, mas
sim deixar claro que vivemos em comunhão com um mesmo Deus, que
nos faz irmãos e iguais em direito e dignidade.
Hernán Alburquenque Morales - 28 años - Engenheiro
MISSÃO
SOLIDÁRIEDADE
ÁFRICA - CHILE
Estou convencida de que Deus
tem tudo preparado na tua vida.
Cada experiência é um regalo
que Ele te oferece e cujo objetivo
é o de nos animar e exigir a ser-
mos melhores seres humanos. As
vivências deste mês em Moçam-
bique são muitas e evidentemen-
te difíceis de manifestar numas
poucas linhas.
Quando um vem a África traz o
coração e a mente cheia de sen-
timentos e projectos que acre-
ditam podem melhorar, em boa
parte, a vida das pessoas, po-
rém, quando um regressa das-
-te conta de que o que trouxeste
não é nada comparando com o
que levas, pois tem um impacto
em todos os âmbitos da tua vida,
como pessoa, filha, irmã, mãe e,
de maneira especial, como pro-
fissional, pois esta experiência
confirma em mim as palavras de
São Alberto Hurtado (um santo
de Chile): “A profissão não é só
um meio para ganhar a vida, mas
também o exercício da missão so-
cial”. Sob este olhar tenho fé em
que regresso para enriquecer a
formação das crianças, pois todos
sabemos que o desenvolvimento
dos povos está nas mãos da edu-
cação desde os primeiros anos da
vida.
Maríela Castro Rojas
Educadora infantil32 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Mundo salesiano
Dois momentos do início do Capítulo Geral 27º: Eucaristia na Basílica de S. João Bosco, no Colle Dom Bosco, lugar
do seu nascimento, e cerimónia de abertura do CG no Salesianum (Casa Geral - Roma), contando com a presença de
Cardeais e Bispos salesianos e outros membros da Família Salesiana.
(ANS – Nova Iorque) – A 52ª Sessão da Comissão para o Desenvolvimento Social decorreu de 11 a 21 de fevereiro
na Sede das Nações Unidas em Nova Iorque. Tema: “Promover o fortalecimento e a responsabilização das pessoas
rumo à obtenção da erradicação da pobreza, à integração social, ao pleno emprego e a um trabalho digno para todos”.
Participaram também os Salesianos.
A participação salesiana na Comissão articulou-se em vários níveis: além da presença do P. Thomas Brennan,
Representante oficial da Congregação, estavam presentes também Nicholas Anton, estagiário na secretaria dos
Salesianos na ONU, e a voluntária Deborah O’Hara-Rusckowski. O P. Brennan, em colaboração com a Ir. Germaine Price,
das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, elaborou uma intervenção escrita sobre os planos de participação,
educação e proteção social.
Outra imagem da celebração de abertura (esq.). Apresentação do relatõrio do Ecónomo Geral (dir.)
e trabalhos em grupos linguísticos (abaixo).33 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
(ANS) – Encerrou-se no 28 de fevereiro, em Pavia, depois
de mais de cinco meses, a peregrinação da Relíquia de
Dom Bosco por terras italianas.
Em março estará a visitar as presenças salesianas da
Lituânia.
(ANS) - 7º Encontro
da Rede de Rapazes
e Raparigas de
Dom Bosco no qual
participaram mais de
60 adolescentes e
jovens animadores e 34
educadores das obras
salesianas sociales de
Peru.
(ANS) – No dia 12 de fevereiro, 75 alunos do Centro de
formação técnico-industrial ‘Dom Bosco’, de Ulan Bator,
Mongólia, festejaram a sua formatura. Trata-se da 13ª
classe de diplomados que sai do Instituto Salesiano, o
qual registra para os seus alunos formados uma taxa de
emprego entre os mais altos do País.
Os salesianos de Venezuela denunciam a situação
sanitária em que se encontram os indígenas Yanomamis.
nquanto esperam respostas governativas, procuram
ajudar em tudo o que podem.
(ANS) - Aberto o
Processo diocesano da
causa de beatificação
e canonização de
Nino Baglieri, no
Domingo, 2 de março,
7º aniversário de morte
do Servo de Deus,
Nino Baglieri, CDB
(Voluntário com Dom
Bosco).
Está em crescimento
o interesse, e o
movimento de oração
e de indicação de
graças, que está a
florescer em torno da
figura de Nino Baglieri,
o qual, na esteira do carisma de Dom Bosco, ofereceu os
seus sofrimentos pela vida da Igreja e dos jovens.34 BS Nº 57 Março/Abril 2014
Ni Landzi - Eu fico com Dom Bosco
Na santidade sa-
lesiana encontramos santos
de todos os tipos. O Espírito é
muito criativo!
Cada um teve a sua chamada,
o seu momento, como também
nós temos a nossa chamada.
Como foi a chamada deste san-
to mártir e missionário?
São Luis Versiglia
salesiano, missionário,
Bispo e mártir
“Tenho sempre pronta a mala desde há muito tempo”
O nosso bom salesiano, Bispo
São Luis Versiglia que, nos seus
poucos tempos livres era também
o cabelereiro dos salesianos,
nasceu numa famíia italiana com
boa posição social e cristã. A sua
boa mãe gostava tanto que o seu
Luis fosse sacerdote! E nada de
nada! Ele queria ser veterinário!
Saiu amigo dos animais!
Optou-se por um caminho
intermédio: a estudar matemáticas
em Pavia.
Mas a mãe de Versiglia, experta
como todas as boas mães,
conseguiu levar o seu filho a
estudar na casa de Dom Bosco,
em Valdocco, em 1885 (três anos
antes da morte do nosso Pai). Lá
foi Luis, rapaz muito mexido, sem
nenhuma vontade de ser sacerdote
e com pouco gosto porque aquele
ambiente religioso que lá se vivia.
Aceitou, convencido de que desde
Valdocco conseguiria estudar o
que ele queria: Veterinário!
Mas, ao contacto daquele
ambiente oratoriano de Valdocco,
conhecendo Dom Bosco e aqueles
primeiros salesianos, pouco a
pouco, Deus lhe foi atraindo e lá
vemos o nosso ‘veterinário’ ficando
para SALESIANO!
Luis foi ao noviciado salesiano.
Fez a Profissão Religiosa como
salesiano ao 11 de Outubro de
1889. Ordenado sacerdote ao 21
de Dezembro de 1895.
Mas, antes tinha conseguido a sua
licenciatura de Filosofia só com 20
anos! Era mesmo inteligente este
Luis Versiglia!
Tinha um carácter firme, mas
sempre estava disponível; era
fraterno e amável com a gente,
com muita alegria espiritual.
Vendo todas estas qualidades,
lá os Superiores salesianos lhe
colocaram de Director e Mestre
de noviços, isto é, formador dos
novos salesianos.
Mas, Deus não parava de
chamar Luis. Agora, o queria
MISSIONÁRIO!
E lá vemos ao Padre Versiglia
carregando com a sua mala. Seria
o chefe da primeira expedição
salesiana missionária na China.
Antes, teve de passar por
Inglaterra e Portugal para aprender
as línguas.
O final da sua vida já se sabe:
sendo Bispo de Shiu-Chow, deu a
vida pelas suas ovelhas, junto com
o outro santo mártir salesiano, São
Calisto Caravário. Não tiveram
medo de defender às catequistas
que viajavam com elas na canoa
diante de piratas que as queriam
raptar. As suas vidas salvaram a
vida das jovens.
Era um 25 de Fevereiro de 1930.
É o dia em que celebramos a festa
litúrgica dos dois mártires.
Para a reflexão pessoal:
- O que pensas da vocação de
Luis?
- Já sentiste dentro de ti essa
chamada de Deus? Procuras-te
saber o que Ele quer de ti?
- Não esqueças: ser generoso e
valente como Versiglia!35 «Para ser santo, basta fazer bem o que se deve fazer» (D. Bosco)
Todo adolescente ou jovem que
se esteja a questionar sobre a
sua vocação, deve, em primeiro
lugar, olhar para Jesus: conhe-
cé-lo, amá-lo, admirá-lo e segui-
-lo.
Antes de pensar em querer
ser padre, irmão ou irmã, tens
de pensar e rezar: QUERO SER
COMO JESUS!
Eis a nossa pequena ajuda para
realizar esta grande e importan-
te tarefa na tua vida jovem.
Não basta conhecer Jesus para
o amar. Não basta seguir Jesus
para ser seu discípulo.
É necessário SER OUTRO
JESUS!
E como o podemos fazer?
Formando Jesus em nós
Te indicamos alguns meios
espirituais que te podem ajudar a
ser imagem de Jesus.
1- “Devemos acostumar-nos a
ver Jesus em todas as coisas e
a tê-lo por único objeto da nossa
devoção e das nossas acções, a
todos os níveis. Desta maneira,
pensando nele frequentemente,
e contemplando-o em todas
as coisas, encheremos o
nosso entendimento de Jesus,
formando-o e instalando-o no
nosso espírito”.
São Domingos Sávio, repetia:
«Meus amigos serão Jesus e
Maria».
Eis uma boa maneira de
acostumar-te a ter Jesus em todos
os momentos da tua vida.
2- “Não só devemos formar Jesus

no nosso espírito, como também o
formaremos em nossos corações
com o exercício frequente do seu
FORMAR
JESUS
EM
MIM
amor. Elevaremos frequentemente
e com amor o nosso coração
para ele e faremos todas as
nossas acções por seu amor,
consagrando-lhe todos os nossos
afectos”.
3- “Formaremos Jesus dentro de
nós pelo aniquilamento de nós
mesmos e de tudo o que é nosso.
Se desejamos que Jesus viva e
reine em nós, há que fazer morrer
e desaparecer todas as ‘criaturas’
do nosso espírito e do nosso
coração.”
Concretizando: “Esforçar-nos-
emos por anular o nosso critério,
a nossa vontade e amor-próprio,
o nosso orgulho e vaidade, as
nossas inclinações e hábitos
desordenados, os desejos e
instintos da nossa natureza… Há
muitas coisas danificadas pelo
pecado e isso é contrário a Jesus
Cristo, à sua glória e ao seu amor”.
Como sozinhos não poderemos
fazer tudo isto, devemos deixar-
no ajudar, em primeiro lugar pelo
Espírito Santo, a quem rezaremos
, e também pediremos o Auxílio
de Maria, a Mãe que Jesus nos
deixou.
Mas, também é muito importante,
saber estar perto de amigos
bons que vivam estes valores e
atitudes, e ter um adulto (leigo,
sacerdote, religioso ou religiosa)
como acompanhante espiritual e
vocacional.
(O entrecomilhado é de:
Gabriel Reyes-CELAM:
‘Decidir-se pela vontade de Deus’)
A Ir. Laura Cambrimbonde, fez a sua Profissão Perpétua como
Filha de Maria Auxiliadora no dia 23 de Fevereiro, na Paróquia
de Matundo (Tete). Parabens!O «Dai-me almas»
é a respiração da vida de Dom Bosco,
o cântico de fundo da sua oração contínua.
(Ir. Piera Ruffinatto, fma)