À LUZ DA INTENÇÃO DE ORAÇÃO DO SANTO PADRE
Pelos Salesianos, os Leigos e os Voluntários que trabalham pelos direitos humanos no Sudão do Sul
Rezemos por aqueles que arriscam a vida lutando pelos direitos fundamentais nas ditaduras, nos regimes autoritários e também nas democracias em crise.
Caros irmãos e amigos,
eis que já estamos em clima de Páscoa! Páscoa do Salvador e Páscoa de quem há tempo estava à espera: numa Sexta-Feira Santa que parecia nunca mais terminar.
No Sudão do Sul e em vários lugares do mundo, milhões de crianças, mulheres e homens carregam sua cruz com coragem e esperança, lado a lado com Jesus. Por isso, a missão faz brilhar a nossa vocação “pascal”: a de ser Verônicas e Cireneus hoje, ou apóstolos e apóstolas da Vitória de Cristo. E, imitando o Companheiro de Emaús, ser peregrinos capazes de chegar até os irmãos e irmãs desolados, ou mesmo perdidos; e de reacender neles, ao calor da Palavra e do Pão, a chama do testemunho.
Boas Festas de Páscoa a todos!
P. Alphonse Owoudou SDB
Conselheiro Regional para África-Madagascar
Depois do Concílio Vaticano II cresceu o mal-estar na Ásia – terra de antigas religiões, de grandes culturas e de miríadas de pobres – relativamente à ‘missio ad gentes' vista como um monólogo insensível, com um relacionamento de ‘enviado–destinatário’, ‘missionário estrangeiro–povo local. Por isso, o cristianismo continua a ser considerado 'estrangeiro‘, embora Jesus tenha nascido na... Ásia! Diferentemente dos missionários estrangeiros, o crescente número de missionários asiáticos, que agora trabalham na Ásia, respira o multiculturalismo e a interculturalidade desde o nascimento, e possuem uma experiência direta dos contextos mais pobres. Esta atividade missionária, vista menos como anúncio direto do Evangelho e mais como encarnação dos ensinamentos e da pessoa de Jesus através do testemunho de amor e serviço, é chamada ‘missio inter gentes’.
A ‘missio ad gentes' (envio às gentes, aos gentios) não é uma contraposição, mas um complemento da ‘missio inter gentes’: é um modo de anunciar Jesus Cristo vivendo os valores evangélicos e as atividades caritativas de cada cristão e de toda a comunidade eclesial como ações feitas imitando Jesus Cristo. É uma abordagem missionária que vê as ‘gentes’ (gentios, pagãos) não como objeto do nosso esforço de converter, mas como ‘convidados’ a quem podemos oferecer hospitalidade; e ‘amigos’ que podem, por sua vez, acolher-nos e oferecer-nos amizade. Este não é um testemunho silencioso e sem palavras. O evangelho é partilhado recontando a própria experiência de fé entre (inter) amigos de outras culturas e religiões, e sussurrando o evangelho em momentos oportunos, não esperados.
A principal preocupação da ‘missio inter gentes’ é promover o primeiro anúncio, e não ensinar doutrinas cristológicas, nem converter. A conversão é obra de Deus, não nossa! Esse anúncio defende que os missionários sirvam com respeito o povo e partilhem humildemente a sua vida, sem qualquer mostra de arrogância ou superioridade, exatamente como fez o Senhor. É esta experiência vivida do cristianismo que, através da ação do Espírito, poderia suscitar o desejo de conhecer a Pessoa de Jesus.
P. Alfred Maravilla SDB
Conselheiro para as Missõe
Para Refletir e Partilhar
Segundo V., que sentido tem deixar Portugal para ir como voluntário a Angola por um ano?
Essa experiência me deu a possibilidade de viver de um modo totalmente diferente. Não sabia para onde estava indo, o que iria fazer... Sabia somente que iria trabalhar sem ganhar nada. A mais, eu só queria descobrir por que razão estava no mundo. Antes de partir, me prometi que iria fazer ‘tudo aquilo que fosse necessário’. Isto me levou a pedir para fazer o trabalho mais abominável da minha vida gerenciando redes informáticas; e o meu ano de missão foi simplesmente INCREDÍVEL.
Por isso, eu diria: a razão pela qual partir é poder viver de um jeito totalmente diferente, abrir-se aos outros, ao serviço; descobrir-se a si mesmo em profundidade.
E o que descobriu em si...? O voluntariado o ajuda hoje em seu trabalho de professor?
Bem, descobri um mundo totalmente novo. Vivi numa das favelas mais perigosas de Angola. Descobri as dificuldades, as necessidades e as alegrias daquela gente. Estive numa escola a ensinar a meninos/as de rua. Isso me fez ver a vida desde uma perspectiva completamente diferente.
‘Se hoje me ajuda como professor?’... Diria que muito mais do que isso. Sinto-me como se eu pudesse compreender que todos os meus alunos têm uma história de vida que deve ser considerada. Que a escola não é só um lugar para se aprenderem coisas, mas para aprender a SER. Esta nova perspectiva pós-missão me torna aberto tanto àqueles que me são confiados hoje em meu trabalho em Portugal quanto àqueles com os quais estive em Angola como missionário.
Como foi viver num mui lado a lado com os Salesianos? O que lhes sugeriria?
Durante a minha permanência em Angola, encontrei-me com muitas congregações e compreendi os muitos modos que existem de viver e servir a Deus. Por vezes era-me difícil entender os Salesianos: parecem mesmo maníacos pelo trabalho. No fim colhi um ótimo exemplo de árduo trabalho pelo bem dos necessitados, um grande exemplo de pedagogia e amor pelos jovens.
Sugestões? Hmmm, não sei. Provavelmente os Salesianos deveriam gastar tantas energias para cuidar de si quantas expendem pelos outros: ninguém pode fazer o bem sem cuidar das pessoas mais próximas; cuidar da comunidade é um dever. Em segundo lugar, seria bom incluir na catequese outros santos além daqueles da Família Salesiana. Só uma SUGESTÃO
Jorge Fernandes, Portugal → Angola
nascido em Ribamar da Lourinhã, Portugal,
gosta de desafios e de aventuras. Estudou engenharia informática e gestão de projetos.
Depois de três anos de trabalho na República Tcheca como programador,
decidiu passar um ano em Luanda, Angola, como voluntário missionário salesiano.
Preparou-se; e foi enviado através de SADBA. Em voltando de Angola,
retornou à sua cidade natal, onde trabalha como professor e goza do melhor da vida:
o amor da família e dos vizinhos, o sol e a praia.
Novas propostas do Setor para as Missões