«QUERIDOS SALESIANOS, SEDE SANTOS!» [1]
Um conjunto de felizes coincidências. –
1. A santidade, permanente patrimônio de família – 1.1 Na
esteira de Dom Bosco – 1.2 A nossa santificação – 2. Educadores
para a santidade – 2.1 A santidade, proposta da educação salesiana
– 2.2 Um caminho educativo à luz da espiritualidade salesiana – 3.
A santidade floresce na comunidade – 3.1 Ecoando o CG25 – 3.2 Estimulados
pelos recentes beatos – 4. Convite à revisão – Os nossos
nomes estão escritos no céu – 4.1 Uma homenagem à concretude – 4.2 Uma
revisão que se faz oração
Roma, 14 de agosto de 2002
Vigília da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria
Caríssimos Irmãos,
quatro
meses são passados desde o encerramento do CG25, que foi uma forte
experiência espiritual salesiana. Tendes à mão os documentos
capitulares A comunidade salesiana hoje,
que – estando pelo que dizem os irmãos que escrevem – foram bem
acolhidos pelas inspetorias e são objeto de estudo e de assimilação,
com vistas à renovação das nossas comunidades. Colocome agora em contato
convosco por meio desta minha primeira carta circular.
Escrever cartas foi a forma apostólica empregada por São Paulo,
para superar a distância geográfica e a impossibilidade de estar presente
nas suas comunidades, para acompanhar-lhes a vida. Com as devidas
diferenças, também as cartas do Reitor-Mor entendem criar proximidade
com as inspetorias mediante a comunicação, partilhando quanto acontece
na Congregação e iluminando a vida e a práxis educativo-pastoral das
comunidades. Escrevo na vigília da Assunção de Maria e a dois dias
da data que lembra o nascimento do nosso querido pai Dom Bosco. Não
vos escondo que muito me agradaria estar perto de vós e partilhar
os vossos trabalhos atuais e os vossos melhores sonhos. De modo particular,
sinto no profundo do coração o desejo de rezar por cada um de vós.
O Senhor vos encha de seu Dom por excelência, o Espírito Santo, para
que vos renove e santifique à imagem do nosso fundador, que nos foi
dado como modelo (cf. C 21). Maria, a aberta ao Espírito, vos ensine
a acolhê-lo e deixarlhe espaço para que vos torne fecundos na missão
apostólica e crentes felizes em Cristo, Palavra do Pai. É justamente
de santidade que vos quero falar hoje, em continuidade com algumas
das minhas intervenções nos últimos dias do Capítulo, especialmente
após a audiência com o santo padre e a beatificação do senhor Artêmides
Zatti, da irmã Maria Romero e do padre Luís Variara. O objetivo não
é tanto produzir um pequeno tratado sobre a santidade quanto de vo-la
apresentar como dom de Deus e urgência apostólica, oferecer-vos alguma
motivação que vos empenhe na sua prática e aludir à metodologia que
a facilite.
Um conjunto de felizes circunstâncias
O fato de ter sido eleito num Capítulo Geral que teve como tema a
comunidade salesiana, lugar da nossa santificação cotidiana, e que
se encerrou “com o dom da beatificação de três membros da Família
Salesiana”[2] – um salesiano padre, um salesiano coadjutor
e uma irmã salesiana – impõe-me o tema da santidade ou, como disse
no discurso de encerramento do CG25, do primado de Deus: “Deus deve
ser a nossa primeira ‘ocupação’”[3].
Com o apelo feito no discurso aos capitulares, o santo padre confirmou
com a sua suprema autoridade o objetivo da santidade. Já na mensagem
enviada por ocasião da abertura do Capítulo, nos havia lembrado que
“tender à santidade” é “a principal resposta aos desafios do mundo
contemporâneo”, e que “se trata, em conclusão, não tanto de empreender
novas atividades e iniciativas, mas de viver e testemunhar o Evangelho,
sem compromissos, de modo a estimular os jovens à santidade”.[4].
Na audiência quis resumir toda a sua mensagem no forte convite: “Queridos
salesianos, sede santos! É a santidade – vós bem o sabeis – a vossa
tarefa essencial”.[5].
É um conjunto de coincidências, que me agrada ler não como casuais
– para um cristão nada é casual – mas como inscritas no plano de Deus,
devendo, por isso, ser interpretadas com espírito de fé: porque, então,
não fazer da santidade um programa de vida e de governo? Era justamente
esse o meu propósito quando disse, no discurso final do Capítulo,
que “a santidade é também o objetivo deste Capítulo, que se encerra
com o dom de três novos beatos”.[6].
Um alvorecer do meu serviço iluminado por tal luz é para mim
um convite mais eloqüente que qualquer estímulo verbal. Lembra a meta
por excelência. É uma mensagem certamente exigente, porque aponta
“a meta mais alta” em sentido absoluto, mas que abre à esperança
e ao otimismo, indicando- nos muitos irmãos e irmãs nossos que atingiram
a colina das bem-aventuranças. Referindo-nos a eles, nossos consangüíneos
no espírito, podemos dizer, parafraseando a liturgia: “Não olheis,
ó Pai, os nossos pecados, mas a santidade da nossa Família!”.
Foi por tais circunstâncias, todas significativamente convergentes,
que pensei dedicar a minha primeira carta a esse tema.
1. Santidade, permanente patrimõnio de família
Não daremos nunca suficientes graças a Deus pelo dom dos santos da
nossa Família carismática. A nossa – escrevia-nos o papa – «é uma
história rica de santos, muitos dos quais jovens».[7].
Na audiência falou-nos novamente de «numerosos santos e beatos que
constituem a legião celeste dos vossos protetores»[8].
O que está a demonstrar que o carisma salesiano não somente é capaz
de apontar o caminho da santidade, mas também, se vivido, de atingir
sua meta, como de fato já aconteceu com não poucos dos nossos irmãos
e irmãs. Várias vezes, os meus predecessores detiveram-se prazerosamente
diante de tal panorama.[9].
Desejo também eu contemplar este nosso, «não pequeno grupo de santos
e beatos salesianos»[10],
e fazer-vos participantes de quanto, ao lembrá-los, mais vivamente
me interessa.
1.1. Na esteira de Dom Bosco
Os nossos santos são certamente “as testemunhas” mais qualificadas
da nossa espiritualidade, porque a viveram e a viveram heroicamente.
Interessa-me de modo particular o fato de que em cada um deles se
encarne um aspecto específico do nosso carisma. Acentuando- o, eles
tornaram-no mais visível, mais luminoso, mais explícito. Apoderaram-se
dele e o aprofundaram, a ponto de se poderem definir como “aprofundamentos
monográficos” do fundador. Um grupo deles deu até origem a novas congregações
religiosas na Igreja, como ramos brotados no mesmo tronco. Explicitaram,
desta sorte, potencialidades latentes, mas congênitas à semente originária.
Cada um deles destaca-se por uma mensagem particular. Do conjunto
pode extrair-se a visão mais autêntica e mais completa da nossa experiência
espiritual. São notas diversas que contribuem para formar uma única
harmonia. Notas as mais várias: das mais conhecidas às menos destacadas,
pronunciadas quase em surdina; das, diríamos, mais óbvias às tidas
como mais insólitas, como se fossem estranhas à nossa espiritualidade.
Essas diversas reedições de Dom Bosco, oficialmente reconhecidas pela
Igreja, têm todas elas direito de cidadania entre nós. Apresentam-
no vivo à nossa atenção e ao nosso cuidado. E nós, seus filhos, herdeiros
de tão rico patrimônio, sentimo-nos felizes por colher nelas este
ou aquele dado, que reconhecemos logo como um dos traços fisionômicos
do nosso Pai. Gostaria de apresentar, à guisa de exemplo, alguns desses
traços do modo original de reproduzir a comum herança de família,
a santidade salesiana. – Uma espiritualidade que sabe fazer a síntese
entre trabalho e temperança. E lembramos o padre Rua, modelo
de rara abnegação, cujo melhor elogio foi feito por Paulo VI: “Se
de fato o padre Rua se qualifica como o primeiro continuador do exemplo
e da obra de Dom Bosco, será interessante repensá-lo sempre e venerálo
nesse aspecto ascético de humildade e de dependência”.[11].
– Uma espiritualidade que nasce da caridade pastoral, que
consegue fazer-se amar e manifesta a paternidade de Deus.[12]. E a lembrança
volta-se para o padre Rinaldi: “Quem dele se aproximava – lemos nos
atos do Processo – sentia que se aproximava de um papai”.[13].
– Uma espiritualidade que se expressa pela humildade
operosa e que se torna “sinal inequívoco da lógica de Deus, que
se contrapõe à do mundo”[14]. Foi esse o exemplo
luminoso de Maria Domingas Mazzarello. – Uma espiritualidade do
cotidiano e do trabalho[15].
Nesse panorama observa-se a identidade laical, tanto a consagrada
como a não consagrada. Quanto ao primeiro grupo podemos pensar logo
nas duas figuras de “bom samaritano”, Simão Srugi e Artêmides Zatti.
Quanto à identidade laical não consagrada, o nosso pensamento vai
à primeira de todas as cooperadoras – Mamãe Margarida – cuja figura
desperta sempre maior simpatia, que floresce em devoção e em graças.
– Uma espiritualidade que harmoniza contemplação e ação. [16].
E parece-nos ver o retrato da irmã Maria Romero Meneses, recentemente
beatificada, animadora de trinta e seis oratórios e de uma série de
instituições pastorais que nasciam com inesperada oportunidade e se
tornavam tradições. Ou então Atílio Giordani, modelo esplêndido de
cooperador salesiano, vulcão de iniciativas entre os seus oratorianos.
– Uma espiritualidade das relações e do espírito de família,
que o reveste todo de alegria.[17]. E pensamos num dom
Cimatti: “Quando ele aparecia – afirma incisivamente uma testemunha
– até as paredes sorriam.” – Uma espiritualidade do equilíbrio.
E o nosso pensamento volta-se para o padre Quadrio, ímã irresistível
dos seus clérigos, maravilhoso entrelace de natureza e graça. –
Uma espiritualidade que assume a dimensão oblativa. Basta ler
as biografias do padre Beltrami, padre Czartoryski, padre Variara
para ver como eles fizeram do sofrimento a estrada real de sua santificação,
nele encontrando também – como no caso de Variara – um novo carisma
congregacional. Olhando para Dom Bosco sofredor, eles chegaram a “desejar”
a cruz e a retirar dela gozo interior. – Não podemos, por fim, deixar
de destacar o grupo já tão numeroso dos nossos mártires – irmãos,
irmãs, e jovens! – cuja beatificação marcou o fim e o início dos dois
séculos. Orgulhosa por ter mais de cem anos, a Família Salesiana é
feliz por ter mais de cem mártires (hoje são 111),[18] e se sente responsável
por esse fato: o martírio, o derramamento cruento do sangue
como também o dom da própria vida no sacrifício cotidiano, é conatural
ao espírito salesiano. Compreenderemos a mensagem de tal dom?
Assumiremos as conseqüências? Na homilia proferida no domingo 11 de
março de 2001, quando beatificou 233 márites espanhóis, 32 dos quais
salesianos, disse o santo padre: “No início do terceiro milênio, a
Igreja que peregrina na Espanha é chamada a viver uma nova primavera
de cristianismo”.[19].
Por que não contarmos também nós com a ajuda inigualável dos nossos
mártires “para encher de esperança as nossas iniciativas apostólicas
e os esforços pastorais na tarefa, nem sempre fácil, da nova evangelização”?[20]
Também para nós salesianos deve ser verdade: Sanguis martyrum,
semen christianorum. O sangue dos mártires é semente dos novos
cristãos.![21]
Não desanimemos, pois, diante das dificuldades: enfrentamos o futuro
em boa companhia!
São estas as pétalas da flor da nossa santidade, que – graças a elas
– se apresenta estimulante e convincente na policromia da idade, das
formas de vida e de serviço, dos tempos, das mensagens, das etnias,
das culturas. Sob tal diversidade de origem, estados de vida, papel
e nível de instrução, proveniência geográfica há uma inspiração única:
a espiritualidade salesiana. Ela pode ser proposta de forma doutrinal;
mas também podese contar com vantagem mediante as biografias, que
aproximam muito mais seus traços às circunstâncias cotidianas da existência.[22].
1.2 A nossa santificação, dom e desafio Os irmãos e as irmãs,
que acabamos de lembrar, representam a santidade já realizada e já
fixada para sempre no grau de crescimento atingido. A nossa santidade,
ao invés, está ainda em devir. Eles trilharam um caminho, chegaram
à meta. Conhecendo-lhes a vida e percorrendo sua estrada, também nós
aprendemos como responder à graça de Deus e ao dom da santidade. Cada
um deles é um exemplo dos diversos percursos de vida salesiana, e
do seu seguro sucesso. Eu me pergunto se – e quando – eles influem
no nosso peregrinar terreno. Os irmãos e as irmãs, que a atingiram,
garantem-nos que a santidade é possível, mas sobretudo nos mostram
caminhos diferentes, e ao mesmo tempo fascinantes, para conquistá-la.
Não encontraremos nós o mais adaptado às nossas possibilidades, o
mais consoante à nossa situação pessoal, o mais congruente com o nosso
estado de vida? Faço votos por que se cumpra quanto
afirma a nossa Regra de Vida: “Os irmãos que viveram ou vivem em plenitude
o projeto evangélico das Constituições são para nós estímulo e ajuda
no caminho da santificação”.[23].
Da vida dos nossos santos aprendemos três importantes verdades, que
devemos fazer nossas: – A nossa santificação é “a tarefa essencial”
da nossa vida, segundo a expressão do papa. Se atingida, tudo
estará atingido; se fracassar, tudo estará perdido, como se afirma
da caridade (cf.1Cor 13,1-8), essência da santidade. Contra a tendência
à mediocridade espiritual, temos necessidade de insistir cada dia
na prioridade dessa meta: a nossa santificação, que outra coisa não
é senão a “medida alta da vida cristã ordinária” indicada por João
Paulo II na Novo Millenio Ineunte.[24].
“Deus deve ser a nossa primeira preocupação – lembrei aos capitulares
prestes a partir –. É ele que nos envia e nos confia os jovens...
Deus nos espera nos jovens para dar-nos a graça de um encontro com
Ele”.[25]
Se a nossa vida é iluminada por esse anseio, ela tem tudo,
não obstante as suas carências. Mas se esse ímpeto se atenua, o nosso
caminho torna-se incolor, e inútil a canseira em percorrê-lo, apesar
da aparência de certa eficiência. A santificação é dom de Deus.
A iniciativa foi e continua sempre de Deus: a certeza de poder mudar
a nossa vida baseia-se na certeza de já ter sido objetivamente transformados
nele, pelo que a santidade é – para usar as palavras do cardeal Suenens
– “uma assunção, mais que ser uma ascensão”.[26].
Há uma tentação que sempre insidia todo o caminho espiritual e
também a ação pastoral: pensar que os resultados dependem da nossa
capacidade de agir e programar. É certo que Deus nos pede umacolaboração
real com a sua graça, convidando-nos, por conseguinte, a investir,
no serviço pela causa do Reino, todos os nossos recursos de inteligência
e de ação; mas ai de nós se esquecermos que “sem Cristo, nada podemos
fazer” (cf. Jo 15,5).[27].
Na santidade procurada resplandece, indiscutível, o primado
de Deus: ela nunca é um projeto pessoal, programado e executado segundo
tempos, metodologias e opções fixados por nós; mais que um desejo
genérico de Deus, é a sua vontade expressa sobre cada um de nós (1Ts
4,3); pura graça, sempre dom, não podemos conquistá-la sozinhos, mas
também não podemos rejeitá-la sem sérias conseqüências. Deus nos criou
bons, antes, muito bons (cf. Gn 1,26-31), e nos pensou santos “antes
da criação do mundo” (Ef 1,4); permanece, porém, a nossa parte: podemos
ajudar a Deus a completar em nós a sua obra criadora se o deixamos
realizar seu plano maravilhoso, o mais originário, sobre nós. Não
nos pede demais, mas não espera menos. – A santidade, para nós salesianos,
constrói-se na resposta cotidiana, como expressão e fruto da mística
e da ascese do Da mihi animas cetera tolle. Dada como
garantida a parte de Deus, fonte de toda santidade, é a nossa resposta
que deve ser cotidianamente estimulada para que, com diz o nosso São
Francisco de Sales, “por abundante que seja a fonte, suas águas entrem
num jardim não segundo a sua quantidade, mas somente segundo a capacidade,
grande ou pequena, do canal pelo qual vos são levadas”. [28].
De aí, o indispensável recurso à mortificação, ou seja à morte de
tudo o que fecha o nosso ser ao dom; de tudo quanto em nós coloca
Deus em segundo lugar, não merece cuidado nem atenção. A nossa é uma
existência pascal; o caminho para a Páscoa – bem o sabemos – passa
necessariamente pelo Calvário (cf. Mt 16,21-23): foi ressuscitado
quem antes havia sido crucificado. Para o cristão, pois, a mortificação
não é o objetivo, mas o meio; não é meta, mas caminho; não é preciso
procurá-la, mas não é possível evitá-la. Os nossos santos são um testemunho
vivo desse anseio pela santidade e desse caminho para a vida e para
a ressurreição. Vêm-me à mente, a propósito, algumas expressões da
beata Maria Romero: Tira-me, Senhor, tudo o que até aqui me deste
e não mo devolvas mais para o futuro, mas concede-me a graça de viver
cada dia mais intimamente unida a ti, num ato ininterrupto de amor,
de abandono, de confiança e nunca perder um instante sequer a tua
presença.[29] Amar-te, fazer-te amar e ver-te amado,
meu Deus adorado, é o meu único desejo, satisfação, ambição, preocupação
e obsessão. [30]
2. Educatores para a santidade
Já que, como salesianos, não podemos jamais separar a nossa identidade
de religiosos da de educadores, nem a nossa consagração religiosa
da missão apostólica, o discurso sobre a nossa santificação implica
necessariamente a proposta de santidade para os nossos jovens. Também
para nós “o caminho pastoral é o da santidade”. [31].
O papa quis lembrar-nos que “a nossa santidade constitui a melhor
garantia de uma evangelização eficaz, porque nela está o testemunho
mais importante a ser oferecido aos jovens destinatários das nossas
várias atividades”.[32]. As palavras do santo
padre parecem uma paráfrase de quanto afirmam as nossas Constituições
no artigo antes citado: “O testemunho dessa santidade, que se realiza
na missão salesiana, revela o valor único das bem-aventuranças, e
é o dom mais precioso que possamos oferecer aos jovens”.[33].
Santificar-nos, pois, também com vistas à santificação dos nossos
jovens, crescer no espírito também visando ao crescimento deles, tornando-nos
sempre mais e sempre melhor educadores de santos, capazes de pôr a
santidade como meta explícita dos nossos programas educativos pastorais
é para nós tarefa que nos compromete. O santo padre colocou esta pergunta:
“Pode-se programar a santidade?”. E respondeu: “Não hesito em dizer
que a perspectiva em que se deve colocar todo o caminho pastoral é
a da santidade”.[34].
Parole che dovrebbero apparire particolarmente suggestive al nostro
cuore di educatori.
Palavras que deveriam ser particularmente sugestivas ao nosso coração
de educadores. Educadores atentos e acompanhadores espirituais competentes
que sois – dizia-nos ainda o papa – sabereis ir ao encontro dos jovens
que desejam ver Jesus. Sabereis conduzi-los com suave firmeza
para metas empenhativas de fidelidade cristã.[35]. Salesianos do terceiro milênio! Sede
apaixonados mestres e guias, santos e formadores de santos, como o
foi são João Bosco.[36].
Dentro de tal programa, a primeira convicção a ser veiculada é
que a santidade é acessível a todos, “o caminho incomparavelmente
superior”[37] a ser percorrido. Com
efeito, para Paulo o amorágape é antes do mais o elemento indispensável
para a construção da Igreja, e a sua superioridade brota do fato de
que nunca terá fim e que nos torna semelhantes a Deus que é Amor.
2.1. A santidade, proposta da educação salesiana
Todos somos chamados à santidade. É – como sabemos – a vocação de
toda vida humana, que no Batismo se torna idônea para tal objetivo.
“Todos os fiéis de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude
da vida cristã e à perfeição da caridade”. [38].Paulo
VI afirmou que a proclamação da vocação de todos os batizados à santidade
“é o elemento mais característico de todo o magistério conciliar e,
por assim dizer, o seu fim último”. [39].
João Paulo II, por sua vez, pôde dizer a toda a Igreja na Novo
Millennio Ineunte: “É hora de repropor a todos, com convicção,
esta ‘medida alta’ da vida cristã habitual”.[40].É um texto que ecoa a exortação de
São Paulo aos Efésios[41] e que o CG23 tinha assumido como orientação,
falando da meta da educação dos jovens na fé: “Fazer crescer os jovens
em plenitude segundo a medida de Cristo, homem perfeito,
essa é a meta do trabalho do salesiano”.[42].
Isso, que às vezes pode parecer-nos ainda algo extraordinário, ou
não adequado ao nosso tempo, ou não ajustado a todos é, ao invés,
muito apreciado por quem leva a própria vida a sério. Eis um testemunho
que pode ser partilhado por muitos irmãos e leigos comprometidos seriamente
na sua maturidade cristã. “Superei uma importante etapa espiritual:
estou disposto a considerar a santidade não como um luxo, mas como
a única possibilidade da nossa vida terrena”. [43].
A nossa proposta educativo-pastoral oferece um caminho de espiritualidade:
O caminho de educação para a fé revela progressivamente aos jovens
um projeto original de vida cristã e ajuda-os a dele tomarem
consciência. O jovem aprende a expressar um modo novo de ser crente
no mundo, e organiza a vida em torno de algumas percepções de fé,
escolhas de valores e atitudes evangélicas: vive uma espiritualidade.
[44].
Essa proposta exigente desperta nos jovens expedientes insuspeitados.
Não é a mediocridade o atrativo e o anseio do coração humano, mas
a “qualidade alta” da vida. Esta, antes ainda de ser um imperativo
que vem de fora, é uma exigência interior da natureza humana que,
embora ferida pelo pecado, sente o eco do estado primordial, anterior
à culpa original. É dessa santidade originariamente participada que
brotam no homem desejos pungentes e infinda saudade. Os que com maior
radicalismo caminham nessa direção – os santos – nos proporcionam
profunda e misteriosa saudade, porque nos remetem às raízes do nosso
ser e nos fazem intuir que todos somos feitos para esse caminho excelente.
Seguir essa saudade é o segredo da verdadeira grandeza e se torna
fonte de energias impensadas. Isso vale também e sobretudo para os
jovens. É próprio de sua idade sentir o fascínio dos valores penosos,
mesmo que depois – sobretudo hoje – venham a experimentar a própria
fragilidade. Cabe a nós, “educadores da juventude para a santidade”,
[45], valorizar
e ajudar a desenvolver esse anseio, inato em todos eles. Foi-nos “confiada
a tarefa de ser educadores e evangelizadores dos jovens do terceiro
milênio”.[46]. Não podemos silenciar diante dos nossos
jovens que o fato de aspirar à santidade satisfaz-lhes as mais profundas
aspirações e sacia-lhes o desejo de felicidade. Seguimos o exemplo
de João Paulo II, que, em Toronto, animado de coragem evangélica disse
a eles: “Não espereis ter mais anos para vos aventurardes ao caminho
da santidade! A santidade é sempre jovem, assim como eterna é a juventude
de Deus”.[47]. Seguiremos, dessa maneira, o exemplo
de Dom Bosco, que estava convencido de que os jovens podiam ser santos.
“Sede acolhedores e paternos”, exortou-nos ainda João Paulo II, “preparados
em qualquer ocasião para perguntar aos jovens com a vossa vida
(o itálico é meu): Queres ser santo?”.[48].
Dom Bosco, educador bem-sucedido, não teve medo de apontar altas metas.
Tenhamos, pois, “os olhos fixos em Dom Bosco”. [49].
Pode-se afirmar que a data de nascimento da santidade de Domingos
Sávio foi marcada pelo sermão que Dom Bosco fez sobre a santidade
acessível a todos. Tomo a liberdade de reproduzir, embora um tanto
longo, todo o texto que nos foi transmitido pelas Memórias Biográficas,
porque nos faz ver, por um lado, a genialidade educativa de Dom Bosco
que sabe propor “uma medida alta” também aos seus meninos, e, por
outro, a cotidianidade do modelo de santidade que a torna possível
de ser proposta a todos. Dom Bosco, num desses domingos, fazia um
sermão sobre o modo de ser santos e desenvolveu mais detidamente três
pensamentos: é vontade de Deus que todos sejamos santos; é muito fácil
chegar a tanto; um grande prêmio está preparado no céu para quem se
faz santo. Essas palavras causaram grande impressão no ânimo de Sávio,
que dizia depois a Dom Bosco:
Sinto um desejo, uma necessidade de ser santo; eu não pensavam que
poderia ser santo com tamanha facilidade; mas agora que compreendi
que isso pode realizar-se mesmo continuando alegre, quero absolutamente
ser santo. Dom Bosco animou-o no seu propósito, mostrou-lhe como Deus
queria dele em primeiro lugar uma constante e moderada alegria;
e recomendou- lhe que participasse sempre do recreio com seus
companheiros. Ao mesmo tempo proibiu-lhe qualquer penitência
rígida como também orações muito prolongadas, porque não
compatíveis com sua idade e saúde nem com suas ocupações. Sávio obedeceu,
mas um dia Dom Bosco encontrou-o todo aflito, que ia exclamando: –
Pobre de mim! Estou realmente confuso. Nosso Senhor diz que se não
faço penitência não irei para o céu; e eu estou proibido de fazê-la.
Que paraíso terei, pois? – A penitência que o Senhor quer de ti, disse-lhe
Dom Bosco, é a obediência. Obedece e para ti basta.[50].
2.2 Um caminho educativo à luz da espiritualidade salesiana
O texto supracitado evidencia que a santidade é um processo que
se desenvolve dentro de uma experiência espiritual. Esta é como clima,
estrada, nutrimento. Uma espiritualidade é um caminho particular e
concreto para a santidade. Nós temos a nossa espiritualidade
juvenil. Trata-se de uma espiritualidade que coloca os jovens
no centro, mas se destina a todos, sobretudo aos mais pequenos e necessitados.
Hoje gozamos de uma suficiente visão sistemática de tal espiritualidade,
graças aos estudos até agora realizados. Basta pensar em quanto disseram
o CG23, o CG24 e o padre Vecchi, que fez dela objeto de um 50 MB V,
p. 209. curso de exercícios espirituais e dela falou também nos diversos
encontros do Movimento Juvenil Salesiano.[51].
Será útil recordar seus traços essenciais: – Uma espiritualidade
do cotidiano. Agrada-me sublinhar o espaço privilegiado conferido
ao humilde cotidiano, porque foi essa uma nota predileta de Dom Bosco.
“Dom Bosco por toda a vida encaminhou os jovens pela estrada da santidade
simples, serena e alegre, juntando numa única experiência vital o
‘pátio’, o ‘estudo’ e um constante sentido do dever”.[52].
Ele jamais nutriu simpatia por gestos excepcionais. Apontou, ao invés,
aos seus meninos a via régia do próprio dever, convencido de que,
se abraçado com amor e alegria, ele contém todo o necessário para
crescer espiritualmente. Bem sabemos que tal predileção vinha-lhe
de longe. Referindo-se a são Francisco de Sales – um apóstolo do chamado
universal à santidade, de qualquer categoria e idade – gostava de
destacar a preferência por aquilo que Deus nos dá, mais que por aquilo
que nós mesmos escolhemos. Aquele “nada pedir e nada recusar” possui
um conteúdo pedagógico e uma sabedoria teológica realmente preciosos.
A insistência no amor, que é como o conteúdo em relação ao continente
(para nós às vezes tão atentos às formas em prejuízo da substância),
foi a mesma insistência de Dom Bosco educador. – Uma fina sabedoria
pedagógica. Quanto à proposta de santidade, Dom Bosco demonstrou-se
um verdadeiro pedagogo, um mestre. Diz explicitamente a palavra santidade
àquele menino, Domingos Sávio, que já era capaz de compreendê-la,
porque ele próprio já a havia pronunciado. A Miguel Magone, ao invés,
na estação de Caragnola diz: “Escuta, vem ao oratório. Lá poderás
estudar, brincar e encontrarás companheiros”.
Isto significa que é importante que nós educadores saibamos que há
um caminho feliz de santidade capaz de satisfazer as expectativas
de um coração juvenil, e, então, saibamos, com oportunas palavras,
propô-lo a cada menino do nosso oratório, centro juvenil ou escola.
Poderá acontecer que num grupo de jovens oratorianos falemos expressamente
da santidade ou da vocação, certos de que haverão de compreender.
Em outros casos, se deverá partir do começo, desestruturando a mentalidade,
purificando as imagens falsas de Deus ou destruindo os ídolos que
criaram e estão procurando reproduzir na sua vida. A coisa mais importante
é que, como educadores, estamos conscientes de que Deus chama todos
à santidade, isto é, a uma resposta jubilosa a ele, e que ela é um
caminho possível de percorrer, sabendo depois que deveremos acompanhar
os meninos, a partir da situação em que os encontramos: “os percursos
da santidade são pessoais”.[53].
Por isso é necessária uma verdadeira pedagogia da santidade, que seja
capaz de adaptar-se aos ritmos de cada pessoa individualmente;[54],
como salesianos deveremos refletir sobre ela, e experimentá-la na
prática do acompanhamento.[55]. Lembremos que o primeiro passo de
Dom Bosco foi convidar os meninos a irem no domingo ao oratório para
se divertirem com muitos outros colegas. Era o seu primeiro apelo
à “santidade da alegria” e à vida santa. Dom Bosco intuiu, desde os
primeiros anos do seu sacerdócio, a possibilidade de acompanhar os
jovens para a plenitude da vida cristã, proporcionada à idade deles,
com um tipo de espiritualidade juvenil organizada em torno de algumas
idéiasforça abertas à fé, tributárias, sem dúvida, do seu tempo, mas
também proféticas e levadas adiante com ardor e genialidade pedagógica.
Fator decisivo dessa genialidade foi, justamente, a capacidade de
envolver os jovens na aventura e torná-los os primeiros beneficiários
e ao mesmo tempo verdadeiros protagonistas. Os próprios jovens ajudaram
Dom Bosco “a iniciar, na experiência diária, um estilo de santidade
nova, na medida das exigências típicas do desenvolvimento do menino.
Foram assim, de alguma maneira, contemporaneamente discípulos e
mestres”.[56]. A nossa santidade é uma santidade
para os jovens e com os jovens; porque também na procura
da santidade, “os jovens e os salesianos caminham juntos”. [57]:
Ou nos santificamos com eles, caminhando e aprendendo com eles, ou
jamais seremos santos. As etapas desse caminho já foram definidas
com clareza. O CG23, sobretudo, no-las apresentou de maneira sintética
e assaz estimulante, convidando-nos a organizar a vida dos jovens
em torno delas e a insistir nelas com escolhas de valores e atitudes
evangélicas. Eu vo-las recordo, pedindo com insistência que tenhais
à mão o documento, para um comentário mais aprofundado: [58]:
• uma base de realismo prático centrado no cotidiano, que é
o lugar onde se reconhece a presença de Deus e se descobre a sua incansável
operosidade, como já lembrei antes. “Na experiência salesiana esta
é uma intuição jubilosa e fundamental ao mesmo tempo: não há necessidade
de nos apartarmos da vida ordinária para procurar o Senhor”.[59].
Por isso, Dom Bosco falava muitas vezes do “sentido religioso do dever”
em cada momento do dia. • uma atitude de esperança, impregnada
de “alegria”. “Quero ensinar-vos – tais as suas primeiras palavras
no Giovane Provveduto – um modo de vida cristã que vos possa...
tornar alegres e contentes”.[60].
Oferecer aos jovens a possibilidade de experimentar a vida como festa
e a fé como felicidade é, decerto, um estilo de santidade [que] poderia
surpreender alguns peritos em espiritualidade e em pedagogia, preocupados
com que venham a diminuir as exigências evangélicas e os compromissos
educativos. Para Dom Bosco, porém, a fonte da alegria é a vida da
graça, que empenha o jovem num difícil tirocínio de ascese e bondade;
[61]; • uma
amizade forte e pessoal com o Senhor Ressuscitado (cf. C 34),
“Aquele que dá ao homem a possibilidade de reencontrar sua identidade
na mesma medida de Deus”.[62].
Porventura Cristo não é o segredo da verdadeira liberdade e da alegria
profunda do coração? Não é Cristo o maior amigo e ao mesmo tempo o
educador de toda amizade autêntica? Se Cristo for apresentado com
seu verdadeiro rosto, os jovens reconhecem-no como uma resposta convincente
e conseguem acolher sua mensagem, ainda que exigente e marcada pela
Cruz.[63].
“Em contato com o Senhor Ressuscitado, os jovens renovam um amor mais
intenso pela vida”;[64]; chegados a uma relação
de estreita amizade, que ultrapassa a simples admiração e a simpatia
inoperante, aprofundam o conhecimento e a adesão à pessoa de Cristo
e à sua causa, se abrem ao radicalismo evangélico e respondem com
empenho e generosidade. Para conduzir a essa relação amigável requer-se
oração pessoal, centrada na escuta da Palavra, para ajudar a amadurecer
“a visão da fé, aprendendo a olhar a realidade e os acontecimentos
com o mesmo olhar de Deus, até se chegar a ter ‘o pensamento de Cristo’
(1Cor 2,16)”
(1 Cor 2, 16)»[65].
Dom Bosco pensou numa “pedagogia da santidade”, na qual se privilegia
“o influxo educativo da Reconciliação e da Eucaristia”;[66];
elas, com efeito, “oferecem recursos de valor excepcional para a educação
da liberdade cristã, da conversão do coração e do espírito de partilha
e de serviço na comunidade eclesial” (C 36); • um sentido,
cada vez mais responsável e corajoso, de pertença à Igreja,
tanto particular como universal. Apoiados pelo relacionamento que
nasce entre pessoas que encontram em Cristo o amigo comum e o único
Salvador, “os jovens dos ambientes salesianos sentem grande necessidade
de estar juntos”,[67], de formar comunidade e tornar-se “sinal
eficaz da Igreja que se quer construir juntos”.[68]. Que significa isso concretamente?
[...] Significa, em primeiro lugar, ter o olhar do coração voltado
para o mistério da Trindade, que habita em nós e cuja luz deve ser
percebida também no rosto dos irmãos que estão em nosso redor... Significa,
além disso, capacidade de sentir o irmão de fé [...] como “alguém
que faz parte de mim”, para saber partilhar suas alegrias e sofrimentos,
para intuir seus desejos e atender às suas necessidades, para oferecer-lhe
uma verdadeira e profunda amizade; [69];
* • um “empenho” concreto e operante de bem, segundo as próprias
responsabilidades sociais e as necessidades materiais e espirituais
dos outros. Ajudai os jovens, pediu-nos o papa, “aserem, por sua vez,
apóstolos dos seus amigos e coetâneos”.[70]. “A história dos jovens no Oratório,
quando Dom Bosco vivia, é rica desse aprendizado da vida cristã: estar
a serviço dos outros de maneira ordinária e em formas por vezes extraordinárias.”[71].
O serviço ao irmão mede o caminho da santidade pessoal, e esta, diante
de tantas dificuldades, desperta uma nova “criatividade da caridade”,
que se manifesta não tanto nem somente na eficácia dos socorros prestados,
mas na capacidade de estar próximos, solidários com quem sofre, de
modo que o gesto de ajuda seja sentido não como óbolo humilhante,
mas como partilha fraterna.[72].
• “A espiritualidade juvenil salesiana dá um lugar privilegiado à
pessoa de Maria”,[73]
cuja presença materna domina o processo no seu conjunto e inspira
cada uma de suas etapas. “Ela representa ao vivo o caminho fadigoso
e feliz de cada homem e da humanidade com vistas à própria realização.
Nela, os caminhos do homem se cruzam com os de Deus. É, pois, uma
chave interpretativa, um modelo, um tipo e um caminho.”[74]. Nossa Senhora,
com efeito, tem uma energia educativa excepcional dos filhos de Deus
e dos discípulos do Senhor Jesus: onde está a mãe de Jesus, os discípulos
tornam-se crentes (Jo 2,1-11) e conseguem ser fiéis (Jo 19,25-27).
Terminamos há
pouco um Capítulo inteiramente centrado no tema da comunidade. Relendo
sinteticamente o percurso feito
3. A santidade florisce na comunidade
em dois meses de trabalho, eu indicava o caminho comunitário traçado
dentro dos cinco módulos operativos: A comunidade salesiana é o sujeito
principal, ao qual este texto se dirige. Assumindo-o, ela é convidada
a acolher o chamado que Deus lhe dirige por meio dos acontecimentos
históricos e eclesiais, das indicações da Palavra de Deus e da nossa
Regra de vida, dos apelos dos jovens, das necessidades dos leigos
e da Família Salesiana. A comunidade aprofunda, a seguir, a leitura
da própria situação, descobrindo as disponibilidades e as resistências,
os recursos e as carências, as possibilidades e os limites. Aprende
ainda a reconhecer os desafios fundamentais e a enfrentá-los com coragem
e esperança; sabe também interrogar-se com perguntas apropriadas e
buscar as respostas. Finalmente, a comunidade se confronta com as
orientações operativas propostas e determina as condições para traduzi-las
em prática. [75].
3.1. Repercutindo o CG25
A comunidade é deveras berço e crisol da nossa santificação. Gostaria
de sublinhar que santidade comunitária e santidade individual iluminam-se
reciprocamente. Se é justo esperar comunidades que facilitam e apóiam
os próprios membros na busca incessante de Deus, é também verdade
que são os membros individualmente que com sua santidade pessoal permitem
atingir juntos tal objetivo. O padre Vecchi falou muito bem sobre
isto quando, na sua conhecida carta “Peritos, testemunhas e artífices
de comunhão”, descrevia a comunidade de Valdocco como o nosso modelo
comunitário: É uma comunidade de forte carga espiritual, caracterizada
pelo Da e concretude segundo o programa: trabalho, oração, temperança.
Pede-lhes que façam um “exercício de caridade” em favor do próximo.
O amor a Jesus Cristo e a confiança na sua graça inspiram a preocupação
pelo bem dos meninos, a partir das suas necessidades humanas e espirituais.
Os mais abandonados são ajudados a tomar contato com Deus e com a
Igreja, e os que demonstram particulares disposições são explicitamente
orientados para a santidade. Tornase quase sensível a proximidade
de Deus e a presença de Maria Santíssima.[76].
A missão educadora e evangelizadora em favor dos jovens levou Dom
Bosco a criar uma escola de espiritualidade, na qual “a santidade
era construída conjuntamente, partilhada, comunicada reciprocamente,
tanto que não se pode explicar a santidade de uns (a dos jovens) sem
a dos outros (a dos salesianos)”.[77].
E o padre Vecchi continua: Construir e gozar desse clima de “santidade”
partilhada é um empenho dos consagrados. A comunidade é lugar
de uma experiência de Deus. Tudo foi pensado e predisposto para isto.
“A vida espiritual deve estar em primeiro lugar no programa das Famílias
de vida consagrada... Dessa opção prioritária, desenvolvida no compromisso
pessoal e comunitário, dependem a fecundidade apostólica, a generosidade
no amor pelos pobres, o próprio atrativo vocacional para as novas
gerações” (VC 93). [78].
O CG25 retomou o tema, de maneira muito específica, no segundo módulo
“Testemunho evangélico”, sublinhando a primazia de Deus, o seguimento
de Cristo e a graça da unidade: Vivemos essa opção na certeza de que
ela concorre para construir um modelo alternativo de humanidade
e de família humana, na perspectiva da esperança cristã. Respondemos
assim ao dom de Deus com um caminho comunitário e pessoal de santidade
em direção à plena maturidade de Cristo, por meio do qual nos
tornamos sinal e profecia dos valores últimos do Reino de Deus, no
espírito das bem-aventuranças. [79].
Vista sob essa luz, talvez a melhor leitura da expressão “a comunidade
é o lugar privilegiado de formação permanente” poderia ser feita reformulando-a
da seguinte maneira: “a comunidade é o lugar privilegiado do crescimento
na santidade”, para fazer entender o significado mais profundo do
que é realmente para nós a comunidade e o que se entende por formação
permanente.
3.2. Estimulados pelos três recentes beatos
Se lançarmos ainda uma vez nosso olhar sobre nossos santos, veremos
logo como se impõe a contribuição que ofereceram à comunidade na qual
a obediência os colocou. A exemplificação seria muito abundante. Limito-me
aos últimos nossos três beatos para evidenciar as notas originais
de cada um, convergentes para o objetivo de edificar a comunidade:
são “três esplêndidos modelos de santidade, [que] queremos viver nas
nossas comunidades de hoje”.[80].
Il Beato Artemide Zatti
O beato Artêmides Zatti Embora ocupado num trabalho que poderia distraí-lo
da vida comunitária, ele foi descrito com um dos que mais nela partici-
pava. A começar pela sua presença pontual nos atos comunitários. Extraio
da “Positio” para a Causa de Beatificação: Muitas vezes na
comunidade quem cuida de pessoas externas se afasta dos próprios irmãos.
Zatti, ao invés, estava intimamente integrado na sua comunidade. Estava
infalivelmente presente nas práticas de piedade, na mesa e nas reuniões.
Cuidava, como enfermeiro, de irmãos e jovens. Era sobretudo um elemento
de união espiritual e fraternidade.[81].
Era fonte de otimismo e serena alegria entre os irmãos, antes de o
ser entre os seus doentes. Foi intermediário excelente entre a instituição
salesiana e as categorias dos leigos: médicos, enfermeiros. Em suma,
sentiu-se membro da comunidade, mesmo nos momentos em que outros poderiam
sentir-se traídos, como quando foi demolido o hospital. Lemos, com
efeito, na carta à irmã Ildegarda em Bahia Blanca: Tendo sido demolido
o hospital no centro, ao lado da Igreja, para dar lugar ao palácio
episcopal, fomos transferidos de corpo e alma para a Escola Agrícola,
onde nos encontramos como num paraíso terrestre, e quando forem
feitos os trabalhos projetados e que nestes dias irão começar, não
haverá hospital nem santuário que nos supere!!! Seja dado a Deus o
mais cordial agradecimento.[82].
O beato Luís Variara Fez das dificuldades asas para voar. E infundiu
esse espírito nas suas irmãs. É exemplar ver a atitude diante das
adversidades, tanto que o beato chama paraíso o que o inspetor
chama pequeno inferno, e ele diz que está muito bem, quando,
naquele mesmo dia, o seu diretor escrevia ao inspetor mostrando preocupação
com a sua saúde e, além disso, porque em Agua de Dios continuavam
encontros entre armados. Escreve o padre Variara: Os trabalhos prosseguem
lentamente porque não se encontram operários. Passaram quinze dias
sem progresso e depois veio a chuva. Os operários que permanecem têm
tanto medo que, ao cair das folhas, põem-se em fuga... e assim vai-se
para a frente... Aqui todos bons, contentes, parece até um paraíso.
O Senhor nos ajude com suas bênçãos, porque com este trabalho não
descansa um momento. Nunca me senti tão contente por ser
salesiano como neste ano e bendigo o Senhor por haver-me mandato
a este leprosário, no qual aprendi a não me deixar roubar o
céu. O Sagrado Coração me abençoe sempre e eu farei o possível
por contentá-lo.[83].
Sem dúvida, a prova máxima chegou justamente quando recebeu a ordem
de deixar Agua de Dios; ele demonstrou, então, que sabia renunciar
a si mesmo para conformar-se à vontade de Deus. Foi naquela circunstância
que confiou a um irmão: “Olha, José Joaquim, para mim seria a morte
ir embora de Agua de Dios, mas obedecerei”.84 E efetivamente obedeceu
à ordem do seu superior. O padre Variara foi fundador, continuando
a ser salesiano; dois papéis que poderiam parecer contrastantes, com
tentações de assumir atitudes autônomas. Mas ele foi sempre fiel ao
seu diretor e ao seu inspetor, do qual, aliás, provinham as maiores
incompreensões.[84].
Ed effettivamente obbedì all’ordine del suo superiore.
A beata Maria Romero Suas muitas atividades nunca se transformaram
em álibi em relação à vida comunitária. Demonstrou desde o noviciado
possuir um dom que se revelaria muito útil para a dimensão comunitária:
a visão positiva de todas as irmãs. Dizia à irmã Ana Maria: Como eu
era feliz no noviciado. Todas as irmãs me pareciam santas, sobretudo
a minha madre mestra... Quanto lhe devo! Que alma pura, observante
da pobreza, delicada e compreensiva. Quando a lembro, vejo-a como
uma verdadeira santa: o seu porte digno, o recolhimento refletiam
a sua contínua união com Deus. Os seus conselhos expressavam o que
ela própria praticava. Impressionava o seu falar sempre tão correto,
o domínio de si, a sua piedade. Sempre sorridente e amável, não deixava,
todavia, passar nada em nós que não fosse como devia ser. O seu exemplo
era uma escola.[85]
Com uma visão assim, podemos imaginar como se relacionava com todas
as irmãs.
4. Onvite à revisão
Partimos da jubilosa certeza de que somos todos chamados à santidade.
Aplicamo-la a nós, para que a nossa responsabilidade se sinta interpelada.
Aplicamo-la aos jovens, porque, como educadores, podemos apontar-lhes
esta meta, por árdua que seja, convencidos de que oferecemos um programa
de bem-aventurança que poderá ajudá-los a fazer escolhas e projetos
de vida. Aplicamo-la, enfim, à comunidade: lugar imprescindível no
qual se realiza o processo da nossa santificação, convencidos como
estamos de que “o futuro da nossa vitalidade se joga na nossa capacidade
de criar comunidades carismaticamente significativas hoje”, e que
“a condição de fundo é o renovado compromisso da santidade”.[86]. Repito aqui o que disse no encerramento
do Capítulo Geral: A santidade é o caminho mais exigente que queremos
realizar juntos nas nossas comunidades; é ‘o dom mais precioso que
podemos oferecer aos jovens’ (C 25); é a meta mais alta que devemos
propor com coragem a todos. Somente num clima de santidade vivida
e experimentada, os jovens terão a possibilidade de fazer escolhas
corajosas de vida, de descobrir o plano de Deus sobre o seu futuro,
de apreciar e acolher o dom das vocações de especial consagração.
[87].
Os nossos nomes estão escritos no céu
Convido-vos agora a fixar os olhos naqueles que souberam voar mais
alto. Temos um céu estrelado acima de nós. Olhandoo, podemos todos
dizer em verdade que também os nossos nomes estão escritos no livro
da vida (cf. Ap 13,8; 17,8). À sua imitação, tornemo-nos educadores
propositivos na condução dos jovens pelas veredas da montanha da santidade,
profeticamente voltados para aqueles que parecem ser os mais refratários.
4.1. Uma homenagem à concretude
Tem um valor pedagógico o forçar-nos a um toque de realismo e o submeter-nos
a alguma pergunta concreta, que desça ao nível da vida cotidiana e
interpele diretamente a nossa experiência. Foi assim que fizemos no
último Capítulo Geral; de fato, em cada um dos módulos operativos
são propostas perguntas às quais se deve dar resposta. É um modo para
fazer com que a comunidade tome consciência da própria situação, reconheça
os desafios e aprenda a encontrar com coragem e esperança as respostas
justas. Quereria que o tema da santidade, como o das próximas cartas,
fosse motivo de uma revisão de vida, para favorecer-lhe mais concretamente
a assunção e a aplicação. Pode-se fazer isso individualmente ou também
comunitariamente. Querendo, e seria aconselhável, poder-se-ia partir
para uma revisão comunitária em voz alta. Tentarei apresentar algumas
perguntas mais diretamente ligadas a quanto foi dito anteriormente:
Santidade e projeto pessoal de vida • Sinto-me chamado por Deus
e pelos jovens a ser santo? Se abandonei esse projeto de Deus,
quais foram as razões? Se continuo a desejá-lo, que faço para
realizá-lo? • Qual é a minha atitude diante do quadro dos santos
da nossa Família? Que relação mantenho com esses modelos de
Família? Conheço-os suficientemente?Inspiro-me na sua vida?
Santidade e vida comum • Estou convencido de que “o primeiro serviço
educativo que os jovens esperam de nós é o testemunho de uma
vida fraterna”, [88],
que “é a eloqüência da santidade que torna fecunda a nossa missão”,[89],
e que, enfim, a santidade “é o dom mais precioso que podemos
oferecer aos jovens” (C 25)? Como fazer para que a santidade
seja objetivo privilegiado no projeto de vida comum?
• Na comunidade em que me encontro faz-se memória dos nossos
santos? Valoriza-se a sua data em chave pastoral? Há alguma
iniciativa de atualização a respeito? Santidade e missão apostólica
• Como valorizo essas “palavras de fogo” no meu serviço educativo-pastoral?
E, de modo particular, na minha atuação entre os jovens?
• Acredito que a santidade, isto é, uma medida alta de vida cristã,
é a meta à qual Deus chama cada menino? Falo disso aos jovens
com palavras oportunas e propostas concretas e adequadas?
4.2.
Uma revisão que se faz oração
“Queridos salesianos, sede santos!”. “Sede apaixonados mestres e guias,
santos e formadores de santos, como foi São João Bosco”. Acolhamos
o convite do papa, ao mesmo tempo que confiamos a esses profetas do
futuro, os santos, o momento póscapitular que estamos a viver e do
qual esperamos poder retirar um impulso forte para um futuro melhor,
no qual resplandeça com mais transparência o primado de Deus em nós
e partilhemos com Deus a sua paixão pelo mundo. “Nada como crer profundamente
numa realidade e acompanhá-la com a oração e o sacrifício, para que
ela a pouco e pouco viva no meio de nós. Assim viveu Dom Bosco!”.[90].
Contemplando quanto já fez o Senhor, as maravilhas que operou na Família
Salesiana, podemos imaginar quanto ainda quererá fazer, se nos encontrar
com o ânimo aberto e bem disposto. Este plano amorável de Deus convida
à oração. 90 “Discurso do cardeal Eduardo Martínez Somalo, Prefeito
da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
de Vida Apostólica”
Meu Senhor e meu Deus! Obrigado pela vocação
para participar de tua mesma vida divina e pela efusão do teu
Amor nos nossos corações. Quantas maravilhas operaste ao longo
da história da humanidade e da Igreja, suscitando homens e
mulheres que atingiram um grau sublime de maturidade. Fizeste-os
florescer também no jardim salesiano, a começar por Dom Bosco
e continuando com o grupo de santos e santas que fizeram da
vocação salesiana um caminho de aperfeiçoamento no amor, mártires
que deram testemunho a Cristo até à morte cruenta, jovens que
encontraram na educação salesiana um caminho de santidade.
Eu te bendigo, Senhor, pelos irmãos e pelos membros da Família
Salesiana que continuam a crer em ti e se abrem à escuta da tua
Palavra e à ação do teu Espírito. São um sinal do teu amor
pelos jovens, especialmente por aqueles que mais necessidade
têm de experimentar a tua proximidade, a tua preocupação por
eles, o teu desejo de que sejam felizes. Louvo-te pelas vocações
que continuas a semear no campo do mundo, pelas famílias que
delas cuidam e pelas comunidades que as fazem crescer.
Agradeço-te, Pai, porque nos permites viver nesta hora estimulante
e desafiadora da história e nos convidas a avançar para águas
mais profundas e lançar as redes. Quereria que todos os que
ouvem este apelo sentissem um sentido vivo de agradecimento
para continuar a acreditar em nós e a contar conosco, e recuperassem
a fé, a esperança e a coragem para aventurar-se no mar aberto
da realidade juvenil com profundidade de vida. A constatação
da grandeza dos teus dons não esconde os nossos limites; por
eles sinto a necessidade de pedir perdão. Pesam sobre nós não
somente as faltas pessoais mas também as institucionais, quando,
como Congregação, verificamos que nem sempre fomos capazes
de tomar a sério as recomendações que Dom Bosco nos deixou
no seu testamento espiritual: “Vigiai e fazei que nem o amor
do mundo, nem o afeto aos parentes, nem o desejo de uma vida mais
confortável vos levem ao grande despropósito de profanar os votos
sagrados e assim trair a profissão religiosa com a qual nos consagramos
ao Senhor... Façam-se sacrifícios pecuniários e pessoais, mas
pratique-se o sistema preventivo e teremos vocações em abundância...
Quando começarem entre nós comodidades ou riquezas, a nossa
pia sociedade terá encerrado a sua carreira... Não devemos esquecer
que somos feitos para os meninos pobres e abandonados”. [91].
Deixamo-nos, por vezes, enganar pelo espírito mundano na concepção
e organização da nossa vida pessoal e comunitária. Tem-nos faltado
zelo pastoral e vivemos a missão em tempo parcial, reservando
mais tempo para os nossos interesses pessoais. Temos sido pouco
audazes no propor Cristo aos jovens como valor supremo de sua
vida, e o seu evangelho como caminho para atingir a plenitude.
Temos, lamentavelmente, algumas vezes feito mal aos meninos
que nos foram confiados e em vez de estampar nos seus corações
a Tua imagem, deixamos neles a marca do nosso egoísmo.
Reconheço que algumas vezes as nossas comunidades não tiveram
identidade religiosa e as nossas obras não foram sempre verdadeiramente
educativas e pastorais, e peço perdão com humildade e com dor.
Peço perdão a todos aqueles que desiludimos com as nossas atitudes:
benfeitores, colaboradores, destinatários. Peço perdão, de modo
especial, aos jovens aos quais tenhamos causado algum tipo de mal,
justamente porque são eles a razão de ser da nossa vida salesiana,
porque nos foram confiados por ti, porque nos chamastes em Dom
Bosco para oferecer a eles “casa, pátio, escola e paróquia”. Peço
perdão, enfim, pelo bem que podíamos fazer e não fizemos. Confiamos
em ti, Senhor, na certeza da tua presença e do teu acompanhamento
ao longo da história, assim como conduziste a Congregação e
a Família Salesiana até este momento. Cremos em ti, esperamos
em ti, amamos somente a ti. Maria, Mãe e Mestra, abre-nos à
ação do Espírito, tu experiente do Espírito, para que opere
em nós as maravilhas da graça que já operou nos nossos santos.
Assim poderemos ser dignos da vocação a que fomos chamados
e da plenitude de vida que o Pai preparou para cada um de nós.
Amém.
Saúdo-vos com afeto e vos desejo um ano educativo e pastoral rico
de frutos de santidade, para vós e para os vossos jovens. O Senhor
vos acompanhe e abençoe.
P. Pascual Chávez Villanueva
[1] Giovanni Paolo II, Discorso ai partecipanti al Capitolo
Generale, in “L’Osservatore Romano”, 13-04-2002, pag. 5
[2] Il CG25 ai Confratelli Salesiani: CG25,
n. 137. I Documenti del CG25 – che verranno citati con la sigla CG25 – sono
pubblicati in ACG 378 (2002).
[3] CG25, n. 191
[4] CG25, n. 143
[5] Giovanni Paolo II, Discorso ai partecipanti al Capitolo Generale, in “L’Osservatore
Romano”, 13-04-2002, pag. 5. Cf. CG25, n. 170
[6] CG25, n. 196
[7] CG25 143
[8] Giovanni Paolo II, Discorso ai partecipanti al Capitolo Generale, in “L’Osservatore
Romano”, 13-04-2002, pag. 5. Cf. CG25, n. 171
[9] Ecco, come
esempio, alcuni significativi interventi degli ultimi Rettori Maggiori sui
nostri Santi e sulla santità: Vecchi
Juan E. Esperti, testimoni e
artefici di comunione, ACG 363; Il
Padre ci consacra e ci invia, ACG 365; Santità
e martirio all’alba del terzo millennio, ACG 368; Verso il Capitolo Generale 25, ACG 372; La beatificazione del coadiutore Artemide Zatti: una novità dirompente,
ACG 376; Viganò Egidio Riprogettiamo insieme la santità, ACS
303; Don Bosco Santo, ACS 310; Don Rinaldi, genuino testimone e interprete
del carisma salesiano, ACG 332; Ricceri
Luigi Don Rua richiamo alla
santità, ACS 263.
[10] Giovanni Paolo II, Discorso ai partecipanti al Capitolo Generale, in “L’Osservatore
Romano”, 13-04-2002, pag. 5
[11] Paolo VI, Omelia di Beatificazione.
29.09.1972
[12] Cf. Cost. 10, 11; CG24, n. 90
[13] Summarium, n. 425
[14] Istituto Figlie di Maria Ausiliatrice,
Strumento di lavoro del Capitolo Generale
XXI (Roma 2002) pag. 46
[15] Cf. CG24, n. 97-98
[16] CG23, n. 167-168
[17] Cf. CG23, n. 165-166; CG24, n.
91-93
[18] 95
spagnoli, 14 polacchi, 2 in Cina
[19] Giovanni Paolo II, in L’Osservatore Romano, 12-13 marzo 2001,
pag. 6-7
[20] Ibidem
[21]
Tertulliano, Apol 50, 13: CCL 1, 171.
[22] ACG 368,
pag. 13
[23] Cost. 25
[24] Novo Millennio Ineunte (NMI), n. 31
[25] CG25, n.
191
[26] Lo Spirito Santo nostra speranza, Ed.
Paoline, pag. 88
[27] NMI, n. 38
[28] S. Francesco di Sales, Trattato dell’amor di Dio, lib. II, cap.
11. Ed. Paoline, pag. 215
[29] Grassiano Domenica, Con Maria tutta a tutti come Don Bosco,
pag. 228
[30] Ibidem,
pag. 417
[31] Cf. NMI, n.
30. «Additare la santità resta più che mai un’urgenza della pastorale» (ivi)
[32] Giovanni Paolo II, Discorso ai partecipanti al Capitolo Generale, in “L’Osservatore
Romano”, 13-04-2002. Cf. CG25, 170
[33] Cost. 25
[34] NMI, n.
30-31
[35] Messaggio
del Papa all’inizio del CG25: CG25, n. 141
[36] CG25, n. 143
[37] 1Cor 12, 31b
[38] LG, n. 40
[39] Paolo VI, Sanctitas clarior, 19-1-1969
[40] NMI, n. 31
[41] Cfr. Ef 4, 13b
[42] CG23, n. 160
[43] Henri
d’Hellencourt, in Diario di Bordo
[44] CG23, n.
158
[45] CG25, n.
143
[46] CG25, n.
146
[47] Giovanni Paolo II, Discorso durante l’incontro nel Downsview Park, Toronto,
L’Osservatore Romano, 29/30 luglio 2002, pag. 5.
[48] CG25, n.
143
[49] CG25, n.
144
[50] MB V, pag.
209
[51] Cf. Vecchi Juan, “Andate oltre”, Temi di spiritualità giovanile, Elledici. Torino,
2002
[52] CG23, n.
166
[53] NMI, n. 31
[54] Ibidem
[55] Cf. ibidem
[56] CG23, n.
159
[57] Giovanni Paolo II, Messaggio per
l’inizio del CG XXV, CG25, n. 145
[58] Cf. CG23, Educare i Giovani alla Fede. Documenti
Capitolari (Roma 1990), 158-180
[59] CG23, n.
162
[60] Bosco Giovanni, Il Giovane Provveduto, Opere
Edite, vol. XXVI, pag. [5]. Cf. MB III, pag. 9
[61] CG23, n.
165
[62] X Simposio
dei Vescovi di Europa. Messaggio finale, 2,a
[63] NMI, n. 9
[64] CG23, n.
168
[65] Ripartire da Cristo, Istruzione della
Congregazione per gli Istituti di vita consacrata e le Società di vita
apostolica, 19-05-2002, n. 24
[66] CG23, n.
173
[67] CG23, n.
169
[68] CG23, n.
170
[69] NMI, n. 43
[70] CG25, n.
145
[71] CG23, n.
179
[72] NMI, n. 50
[73] CG23, n.
177
[74] CG23, n.
157
[75] Discorso di
chiusura del CG25: CG25, n. 184
[76] ACG 363,
pag. 17
[77] CG24, n.
104
[78] ACG 363,
pag. 23-24
[79] CG25, n. 25
[80] CG25, n.
168
[81] Positio, pag. 253
[82] Positio, pag. 182
[83] Positio, pag. 88
[84] Positio, pag. 151
[85] Grassiano Domenica, Con Maria tutta a tutti come Don Bosco,
pag. 40-41
[86] D. Pascual Chávez, Presentazione, “La
comunità salesiana, oggi”. Documenti capitolari, ACG 378 (2002), pag. 20
[87] CG25, n.
196
[88] CG25, n. 7
[89] FMA,
Strumento di Lavoro del Capitolo Generale XXI, Roma 2002, pag. 48
[90] Card.
Eduardo Martínez Somalo, Intervento al CG 25, CG25, n. 150
[91]
Scritti di Don Bosco in Appendice alle Costituzioni della Società di San Francesco di Sales, 1984, pag. 255-257