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`ESTE É O MEU CORPO, OFERECIDO POR VÓS `

CARTAS DO REITOR-MOR JUAN VECCHI

 

"ESTE É O MEU CORPO, OFERECIDO POR VÓS " [1]



1. "Uma hora" eucarística - O caminho eclesial - A questão - A nossa Eucaristia - A práxis pastoral.
2. Convite à contemplação - "Fazei isto em memória de mim" - "O meu corpo entregue... o meu sangue derramado" - "Tomai e comei" - "Eu em vós e vós em mim".
3. Apelo à celebração - "Eu recebi do Senhor" - "Vós sois o corpo de Cristo" - "Anunciamos a tua morte".
4. Apelo à conversão - Dom Bosco, homem eucarístico - Uma pedagogia original - A Eucaristia e o "Da mihi animas" - Um caminho em nossas comunidades - O percurso educativo com os jovens. Conclusão: um ano "eucarístico".

Roma, 25 de março de 2000
Anunciação do Senhor

Queridos Irmãos,

            O mistério da Eucaristia ocupa o lugar central no interior do Jubileu, como foi delineado no triânio de preparação e agora está sendo atuado. O Santo Padre, já na Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente, tinha anunciado que "dois mil será um ano intensamente eucarístico"[2] . Ele insistiu, em muitas outras ocasiões, sobre a sua intenção de fazer da Eucaristia o coração da celebração jubilar.
            Isso corresponde a um fato constante na história da comunidade cristã: a Eucaristia foi sempre o momento mais expressivo da sua fé e da sua vida. Segundo a bela expressão de Santo Tomás, a Igreja encontra na Eucaristia "a atuação perfeita da vida espiritual e a finalidade de todos os sacramentos"[3] .
A fé, na iniciativa do Ressuscitado, que nos reúne, nos fala e nos oferece a comunhão no seu Corpo e Sangue, dá ao Jubileu o seu sentido mais profundo. A memória da Encarnação não é uma comemoração do passado, mas pela presença eucarística de Cristo em nosso meio, é o encontro com a salvação que nos alcança hoje e nos abre com confiança ao futuro.
O Congresso Eucarístico Internacional, a ser celebrado em Roma no mâs de junho, quer ser uma visão de fé reconhecida na presença real de Cristo na história humana e uma abertura da comunidade cristã ao seu dom total.
A renovação pessoal e comunitária, espiritual e apostólica do Jubileu compreende, portanto, também para nós, a redescoberta convicta e alegre das riquezas que a Eucaristia nos oferece e das responsabilidades a que nos chama, conscientes de que, segundo o ensinamento constante da Igreja, toda a vida cristã é edificada ao redor desse mistério.
O itinerário sacramental de preparação a este ano (Batismo, Confirmação, Reconciliação) leva-nos à Eucaristia como ao cume de onde contemplar o mistério Trinitário na vida do mundo e em nossa existância[4] .

1. "UMA HORA" EUCARÍSTICA


            Não faltam para nós, Família Salesiana, orientações, textos, exemplos, tradições, representações artísticas, que recordem a importância da Eucaristia em nossa espiritualidade, em nossa vida comunitária e em nossa práxis educativa e pastoral.
            Houve, porém, e ainda está em curso, um desenvolvimento na reflexão e práxis eclesial. A fim de redescobrir o mistério eucarístico e o seu significado em nossa vida e pastoral, é preciso, antes de tudo, tomar consciância do caminho percorrido pela Igreja nestes anos, colocando-o sobre o fundo da evolução cultural que caracteriza os vários âmbitos em que trabalhamos.
            Podemos, nessa moldura, ler de maneira mais penetrante, a nossa experiância eucarística, encontrar uma organização mais pertinente das questões suscitadas por ela e acolher com maior generosidade a graça que  ela comunica.

1.1. O caminho eclesial

            O ponto obrigatório de partida, também para a Eucaristia, é o Concílio Vaticano II, que deu orientações substanciais, sobretudo organizando a corajosa reforma litúrgica cujos benefícios hoje gozamos.
            O dado mais significativo que emerge do acontecimento conciliar é o relançamento da dimensão celebrativa da fé, a liturgia, como fons et culmen da vida cristã.
            O Concílio assumiu, realmente, uma consciância renovada da centralidade da experiância litúrgico-sacramental. A reforma dos ritos não foi entendida como simples adequação de gestos e palavras às condições históricas alteradas; mas, mais profundamente, como uma renovação da atitude e da mentalidade eclesial, que encontra na celebração a expressão visível mais genuína e eficaz da fé cristã.
            O Missal Romano evidencia, assim, o caráter comunitário da celebração eucarística. Toda assembléia é envolvida, não só de forma coral, mas também através de uma ministerialidade distribuída.
            Dá-se da mesma forma, também à Palavra de Deus, um lugar privilegiado, para favorecer a sua escuta e interiorização. A linguagem apresenta-se mais próxima da sensibilidade contemporânea, e é dado um maior espaço à adaptação e à saudável criatividade litúrgica.
            As vantagens da assimilação gradual e nem sempre fácil, dessa mentalidade, estão sob os olhos de todos e tâm um vasto consenso. Ela comporta, ao mesmo tempo, o surgimento de novos interrogativos de tipo doutrinal e pastoral.
            A busca mantém-se aberta, entretanto, em muitos âmbitos: a reflexão teológica procura oferecer novas sínteses e perspectivas que, sem perder nada da tradição da Igreja, permitem expressar a verdade da Eucaristia em nossas categorias culturais e em conformidade aos novos aprofundamentos do Novo Testamento. A práxis pastoral, ao mesmo tempo, leva em consideração os inúmeros problemas levantados pela vida atual dos crentes.
            A Igreja está vivendo, ainda em relação à Eucaristia, uma rica estação de fermentos, em que convivem grandes potencialidades e confusões arriscadas, aquisições significativas e iniciativas frágeis, de fôlego curto.
            Isso solicita de maneira particular a nossa consciância de pastores e educadores que, em atenção às exigâncias dos jovens e comunidades cristãs, devem saber propor a fractio panis com a abundância de motivações e significados, oferecidos pela reflexão eclesial, sem ceder a modas passageiras nem a opiniões não comprovadas.

1.2. A questão

            O caminho eclesial foi marcado por uma transformação cultural que fez sentir o seu influxo no âmbito da celebração dos sacramentos em geral, e da Eucaristia em particular.
            Pode-se acenar à difusão da expressividade espontânea e do valor puramente formal que se dá aos ritos regulados por normas ou hábitos, dos quais se esquecem facilmente os significados. Vivemos, de fato, em tempos de crise da memória histórica.
            Uma certa manifestação coletiva de gestos, que nos impressiona (discotecas, shows de rock, etc.), é referância de si mesma. Ou seja, não quer expressar significados além do que se vâ. Ela é marcada por um forte individualismo, também no interior de uma grande massa, porque tende à própria satisfação e é prisioneira de uma espetacularidade múltipla. Exprime, ao mesmo tempo, uma exigância de envolvimento pessoal, de experiância direta e de emoção.
            Não são, porém os fenômenos mais preocupantes, mesmo não sendo indiferente analisá-los, pelo influxo que exercem, sobretudo entre os jovens. Outros são bem mais sérios. Não podemos, por exemplo, falar hoje da Eucaristia sem ter presente o fenômenos dos crentes não praticantes, para os quais o encontro com o Senhor é tido como separável e, de fato, está separado, da experiância sacramental.
            Enquanto o Concílio colocara-se a questão: "como celebrar os sacramentos?", no pós Concílio, deveu-se tomar consciância de que a questão tornara-se para muitos cristãos: "por que celebrar os sacramentos?".
            A exemplificação pode ser ampla e refere-se a todos os sacramentos: se já estou arrependido, por que me confessar? Por que casar na Igreja se nos amamos? Ainda a respeito da Eucaristia: se o Senhor está sempre comigo, por que devo ir à Missa?
            Esses questionamentos refletem-se, depois, nas condições particulares das celebrações sacramentais, sempre marcadas pelo individualismo e pela espontaneidade: por que a confissão dos próprios pecados ao sacerdote e a absolvição pessoal? Por que a participação dominical da Eucaristia? E assim por diante.
            São questões recorrentes, sobretudo entre os jovens, que denotam uma formação carente do significado da experiância sacramental e, também, a atenuação difusa da percepção do valor que o comportamento simbólico e ritual tem para o homem, em favor de uma exaltação ingânua da espontaneidade.
            Como pastores e educadores, não podemos subestimar a incidância desses fenômenos, que levam a considerar a celebração da Eucaristia como um ato insignificante para a vida, condicionado por uma rigidez ritualística, que seria um obstáculo à expressão da própria vivância religiosa.
            As tentativas de responder a essas instâncias revelaram-se freqüentemente frágeis, e chegaram, em alguns casos, a formas que comprometiam a identidade do sacramento, correndo o risco de reduzi-lo a um encontro fraterno, a um momento de partilha puramente horizontal, a um ato incluso no programa de qualquer celebração considerada mais importante.
            A complexidade desses fenômenos deve estar presente, para que a nossa experiância de Eucaristia não esteja desancorada da vida e a nossa pastoral não deixe de colocar-se as questões que são determinantes no plano educativo.

1.3. A nossa Eucaristia

            Baseados no que descrevemos sumariamente, podemos fazer agora uma tentativa de revisão da nossa vivância eucarística, em busca de elementos positivos a desenvolver ulteriormente, e com a disponibilidade de reconhecer aspectos problemáticos, que exigem a retificação da nossa caminhada.
            A renovação litúrgica teve efeitos positivos também entre nós. Entre os aspectos mais prometedores da nossa vida fraterna, há de fato a Concelebração Eucarística quotidiana que, como dizem as nossas Constituições, "exprime a tríplice unidade do sacrifício, do sacerdócio e da comunidade, cujos membros estão todos a serviço da mesma missão"[5] .
            Ao redor do altar, na alegre celebração do mistério eucarístico, nossas comunidades renascem todos os dias do coração de Cristo, que nos torna partícipes da sua caridade, dá-nos a capacidade de nos acolher e amar e envia-nos como sinais e testemunhas do seu amor aos meninos e jovens, destinatários da nossa missão. Isso torna-se mais evidente na jornada semanal da comunidade, em que, geralmente, se celebra com mais calma e maior participação.
            Algum elemento de reflexão pode vir do nosso modo de celebrar. Não faltam experiâncias de celebrações dignas e alegres, compenetradas do mistério que se celebra e da fraternidade em Cristo que se quer exprimir. Não é nem mesmo raro, porém, o caso de uma certa carância na qualidade celebrativa: às vezes, por causa da pressa e, mais freqüentemente, da falta de atenção em relação às atitudes que predispõem e acompanham a celebração, à subestima do valor dos gestos e da linguagem simbólica, do que vive a celebração.
            Pode-se tratar, em parte, de uma reação ao passado em que alguns gestos eram vistos só como "cerimônias", que davam solenidade ao sacramento. Hoje, porém, a Igreja, pedindo uma vigorosa mudança de mentalidade, coloca-nos em alerta quanto ao cedimento a formas de secularização, nas quais se acaba por banalizar elementos cheios de significado, com motivos pouco fundados.
            Outros aspectos da nossa experiância eucarística exigem reflexão e opções práticas nem sempre cômodas, que devem ser inspiradas na sabedoria e flexibilidade. Penso no serviço generoso que, com freqüância, prestamos em numerosas capelanias. Ele exprime a caridade pastoral das nossas comunidades pelo povo de Deus, particularmente pelas comunidades religiosas femininas que, de outra forma, não poderiam gozar do ministério presbiteral. Esse serviço, porém, não pode eliminar totalmente a necessidade de a comunidade encontrar ocasiões freqüentes para a Concelebração Eucarística, que é o momento gerador da nossa vida de irmãos no Espírito.
            Observações mais urgentes devem ser feitas quanto à celebração dominical da Eucaristia que, para a Igreja inteira, é o sinal central do dia do Senhor e o coração da semana cristã.
            O domingo "secularizado" é considerado dia de distração, que se goza individualmente. Ele é seqüestrado pelo indivíduo à comunidade humana e até à própria família, sob o pretexto de distensão ou repouso contra o stress do trabalho e das relações funcionais. Trata-se de uma mentalidade que pode penetrar também entre nós, dedicados ao trabalho educativo durante a semana. Se assim fosse, seria um sintoma grave: um domingo sem comunidade e sem Eucaristia!
            Agradecendo ao Senhor, a situação, com  mais frequância, é diversa. Em geral, gastamo-nos generosamente no ministério. Não poucas comunidades se preocupam e buscam algum sinal e momento que apresente a Eucaristia dominical como eixo ao redor do qual gira a nossa vida consagrada. Várias delas estabeleceram um momento de adoração eucarística nas horas vespertinas, com notável proveito, também da fraternidade.
            Isso leva a outro ponto de revisão: o sentido da presença eucarística do Senhor em nossa Casa. Em quase todos os lugares, as capelas são dispostas com gosto e dignidade, e oferecem um ambiente adequado de oração, mas enfraqueceram-se as formas de encontro pessoal e comunitário com o Senhor. O significado e o valor de uma parada, também prolongada, diante da Eucaristia, são colocados, às vezes, em discussão, segundo opiniões sobre a presença e o culto eucarístico, que não tâm fundamento no ensinamento da Igreja, ou segundo a afirmação de que a nossa união com Deus já se realiza no trabalho.
            Esse aspecto tinha, para nós, uma expressão simples e eficaz na "visita". Pode ser útil escutar, sobre isso, a admoestação de Karl Rahner, um dos teólogos mais significativos da nossa época: "Quem coloca a visita em discussão deveria perguntar-se se as suas objeções contra tal devoção não sejam, na realidade, o protesto do homem atarefado contra o apelo imperioso de colocar-se seriamente diante de Deus com todo o seu ser, recolhido à parte e relaxado, numa atmosfera calma e tranqüila, mantendo-se no silâncio regenerador e purificador em que o Senhor fala"[6] .

1.4. A práxis pastoral

            As situações educativas e pastorais são variadas, e não seria correto fazer delas uma única avaliação geral.
            Pode-se dizer, de modo global, que há muita generosidade e espírito de sacrifício no exercício da presidância eucarística. Muitos irmãos sacerdotes, sobretudo no domingo, gastam-se com assiduidade a serviço do Povo de Deus. Há em toda parte a preocupação de aproximar gestos e palavras à compreensão do povo, e introduzir jovens e adultos no espírito da celebração com criatividade legítima.
            Temos dificuldade em educar ao mistério eucarístico em nossos oratórios/centros juvenis e nas instituições escolares de tipos variados. É difícil, com muita frequância, também em contextos tradicionalmente cristãos, fazer compreender o seu valor, pela falta de colaboração e testemunho das famílias, ou pela catequese insuficiente ou pela prática anterior pouco eloqüente para a experiância dos jovens.
            Ao propo-lo, isso poderia gerar em nós uma falta de confiança. Com o desejo de evitar qualquer aparância de imposição ou excesso, há quem limite a celebração a poucas grandes ocasiões, correndo o risco de desnaturar, a partir de dentro, o sentido do sacramento que se apresenta como um momento ritual para solenizar certas passagens do ano. Pensa-se cá e lá que os meninos não estão preparados, catequética ou espiritualmente, para entenderem o significado da Eucaristia; esquece-se que para eles não é só o "culmen", mas é também, se  preparada pedagogicamente, a "fons" de suas vidas.
            Em alguns lugares apresenta-se, como razão da Eucaristia raramente celebrada, a relação a ser mantida entre as celebrações dos nossos ambientes juvenis e as que envolvem mais globalmente toda a comunidade cristã. É certo que os jovens não devem viver isolados de uma experiância eclesial mais ampla, mas inseridos nela com graduação pedagógica e atenção às etapas de crescimento de que é rica a nossa tradição.
Deve-se dizer que em não poucos projetos educativos, essa dificuldade foi resolvida muito bem, com variadas oportunidades de celebração: algumas, propostas a toda a comunidade; outras, a grupos; outras, ainda, à participação livre, dentro e fora do horário escolar ou oratoriano.
O aspecto mais negativo, que brota num ou noutro lugar, é a pretensão de uma assim chamada laicidade da atividade educativa, que não permitiria a celebração eucarística, enquanto sabe-se que qualquer comunidade cristã e, portanto, também a educativa, encontra a sua máxima expressão na Eucaristia.
Reconhece-se que a participação viva dos meninos e jovens na celebração desperta neles grandes recursos espirituais. Ao buscar formas que favoreçam essa participação, não poucos irmãos e leigos empenham inspiração, tempo, conhecimentos e energias.
O nosso carisma faz com que tenhamos inscrito no coração o desejo de uma forma de pregação, de gestos, de uma música litúrgica e de uma tonalidade unitária da Eucaristia, em que o jovem possa se encontrar. Isso tudo é uma grande riqueza e um tesouro que podemos oferecer a toda a Igreja, com humildade e discrição.
O risco de mal-entendidos e distorções, porém, não é hipotético. A criatividade, que as normas litúrgica prevâem, é coisa bem diversa da arbitrariedade, da introdução de gestos condescendentes com o espetacular, transferidos de situações estranhas ao sentido eucarístico, que, no momento, podem atrair a atenção, não sobre Deus, mas sobre nós mesmos e nossos gestos.
Por outro lado, qualquer rito desenvolve-se em conformidade com uma ordem e algumas normas, o que conserva e transmite valores espirituais de primeira ordem: a consciância de que aquilo que se realiza não é um gesto inventado por nós, mas recebido como um dom de amor, a consciância de estarmos em comunhão com os outros irmãos, presentes ou distantes, que celebram a mesma fé, o nosso direcionamento ao essencial, ou seja, que é Deus mesmo quem age através de nós, e mais ainda.
São coisas das quais também os jovens podem fazer experiância. Eles, com freqüância, causam-nos admiração com a capacidade de entrar em ressonância com a sobriedade dos símbolos litúrgicos: ela irá além das nossas expectativas, somente se aquele que orienta a celebração for verdadeiramente um homem de oração.
Um último elemento de reflexão, na vertente pastoral, toca de perto a figura do salesiano presbítero, enquanto ministro da Eucaristia. A resistância das culturas secularizadas em acolher a mediação indispensável da Igreja e o valor dos momentos sacramentais traduz-se, também para os presbíteros, numa certa dificuldade de reconhecer a celebração da Eucaristia como parte eminente do seu ministério. Concorre, decerto, para determinar essa situação, também, a reação a uma certa teologia do passado, que considerava a tarefa sacramental (munus santificandi), quase como o único âmbito de exercício do ministério.
A tradição salesiana, graças ao amplo raio da ação educativa em que nos vâ envolvidos, sempre sustentou a necessidade de alargar essa perspectiva. Enquanto renovamos a consciância de que os sacramentos não são a única tarefa do padre, não devemos nos esquecer que permanecem a sua tarefa maior, mais específica e mais fecunda.
Seria problemática a figura do presbítero que não sentisse como própria responsabilidade suprema servir a comunidade, através da presidância da Eucaristia, de onde nasce e desenvolve-se a vida da Igreja; ou ainda, que, não podendo celebrar pela ou com a comunidade reunida, não realizasse o gesto de oferta de Cristo em comunhão e em nome da Igreja.
Estes elementos de revisão são, de propósito, apenas exemplificativos, e levam-nos a pensar que nos devemos inserir na corrente viva da reflexão da Igreja sobre a Eucaristia, para re-compreender o sentido da sua celebração. De aqui, os passos sucessivos que me proponho dar convosco nesta meditação.

2. CONVITE À CONTEMPLA