Caros Irmãos,
sejam bem-vindos!
Agradeço ao P. Ángel por suas palavras. A ele e ao novo Conselho Geral faço votos por que saibam servir, guiando, acompanhando e sustentando, a Congregação Salesiana em seu caminhar. O Espírito Santo os ajude a colher as expectativas e os desafios do nosso tempo, especialmente dos jovens, e a interpretá-las à luz do Evangelho e do seu Carisma.
Imagino que durante o Capítulo – cujo tema é “Testemunhas da Radicalidade Evangélica” – tenham sempre tido perante os olhos Dom Bosco e os Jovens. Dom Bosco reforçava o seu lema «Da mihi animas, cetera tolle» com mais dois elementos: ‘Trabalho e Temperança’. (Eu me lembro que no colégio não se permitia a sesta!… ‘Temperança’! Para os salesianos e para nós!) «O trabalho e a temperança – dizia – farão florir a Congregação». Quando se pensa em trabalhar pelo bem das almas, supera-se a tentação da mundanidade espiritual: não se buscam outras coisas; somente Deus e seu Reino. Temperança, pois, é comedimento, contentar-se, ser simples. A pobreza de Dom Bosco e de Mamãe Margarida inspire, a cada salesiano e a cada uma da suas comunidades, uma vida essencial e austera, proximidade aos pobres, transparência e responsabilidade na gestão dos bens.
Ela está estreitamente unida à sua educação: o caminho de fé se insere naquele do crescimento e o Evangelho enriquece ‘também’ o amadurecimento humano. É preciso preparar os jovens para trabalhar na Sociedade segundo o espírito do Evangelho, como fautores de justiça e de paz, e a viver como protagonistas na Igreja. É para isso que todos se valem dos necessários aprofundamentos e atualizações pedagógicos e culturais, para responder à atual emergência educativa. A experiência de Dom Bosco e o seu “Sistema Preventivo” os sustentem sempre no empenho por viver com os jovens. A presença no meio deles se distinga por aquela ternura que Dom Bosco chamou 'amorevolezza', experimentando outrossim novas linguagens, mas bem sabendo que a do coração é a linguagem fundamental para aproximar-se e tornar-se seus amigos.
Fundamental aqui é a dimensão vocacional. Confunde-se por vezes a vocação à vida consagrada com uma opção de voluntariado: e esta visão distorcida não faz bem aos Institutos. O próximo ano 2015, dedicado à Vida Consagrada, será uma ocasião favorável para apresentar aos jovens a sua beleza. É preciso evitar em cada caso enfoques parciais, para não suscitar respostas vocacionais frágeis, sustentadas por motivações débeis. As vocações apostólicas são ordinariamente fruto de uma boa pastoral juvenil. O cuidado pelas vocações requer ‘atenções específicas’: antes de tudo a oração, depois atividades próprias, itinerários personalizados, a coragem da proposta, o acompanhamento, o envolvimento das famílias. A geografia vocacional mudou e está mudando, e isto significa novas exigências para a formação, acompanhamento, discernimento.
E isto é tremendo! Hoje, é tremendo pensar que há mais de 75 milhões de jovens sem trabalho, aqui, no Ocidente. Considere-se a vasta realidade da desemprego, com tantas consequências negativas. Pensemos nas dependências, que infelizmente são multíplices, mas que derivam da comum raiz da falta de um verdadeiro amor. Ir ao encontro dos jovens marginalizados requer coragem, maturidade e muita oração. E a esse trabalho se devem mandar os melhores! Os melhores! Poderia haver o risco de deixar-se levar pelo entusiasmo, enviando a tais fronteiras pessoas de boa vontade, mas inadequadas. É por isso necessário um atento discernimento e um constante acompanhamento. O critério é este: para ali vão os melhores. Os melhores!
Tensões por vezes perpassam as comunidades religiosas, com o risco do individualismo e da dispersão, quando o de que se precisa mesmo é de comunicação profunda, de relacionamentos autênticos. A força humanizadora do Evangelho é testimunhada pela ‘fraternidade vivida’ em comunidade, feita de acolhimento, respeito, ajuda mútua, compreensão, cortesia, perdão, alegria. Muito ajuda neste sentido aquele espírito de família que Dom Bosco lhes deixou: favorece a perseverança e cria atração para a Vida Consagrada.
Caros irmãos, o Bicentenário de Nascimento de Dom Bosco já está às portas. Será um momento propício para relançar o carisma do seu Fundador. Maria Auxiliadora nunca deixou faltar o seu auxílio na vida da Congregação. E tampouco o deixará faltar para o futuro. A sua materna intercessão lhes obtenha de Deus os frutos ansiosamente esperados.
Abençoo e rezo por todos! Mas, por gentileza, rezem também por mim!
Obrigado!