Venerável: 22-3-1986Beatificado: 5 de setembro de 2004Celebração litúrgica: 5 de outubro
Nascido em Ferrara, Itália, no dia 21 de março de 1918, segundo de seis irmãos, cresceu numa família verdadeiramente cristã, em que a vida de piedade se unia à atividade caritativa, catequética e social.
Transferindo-se com a família em 1930 para Rimini, frequenta o oratório salesiano e a Ação Católica onde, a exemplo de Domingos Sá- vio, amadurece a fé com uma opção definitiva: “o meu programa sin- tetiza-se numa palavra: santo”. Reza com recolhimento, faz catequese com convicção, manifesta zelo, caridade, serenidade. É forte de caráter, firme, decidido, volitivo, generoso; tem um aguçado senso de justiça e uma grande ascendência entre os companheiros. É um jovem esportista e dinâmico, ama todos os esportes: tênis, vôlei, atlética, futebol, natação, excursões na montanha. Mas a sua maior paixão será a bicicleta, tam- bém como meio privilegiado de apostolado e ação caritativa.
Amadurece na universidade a formação cultural, e a espiritual na FUCI (Federação Universitária Católica Italiana). Escolhe Piergiorgio Frassati, hoje beato, como modelo. Obtida a láurea em engenharia me- cânica em 30 de junho de 1941, deve partir como militar em 7 de julho. A Itália está em guerra; uma guerra que Alberto condena com lúcida firmeza: “Desça logo a paz com justiça para todos os povos, a guerra desapareça do mundo para sempre”. Dispensado, porque outros três ir- mãos já estão no front, trabalha por breve período na FIAT de Turim.
Após os trágicos acontecimentos de 25 de julho de 1943, com o bombardeamento do sul da Itália pelos aliados, a queda do fascismo, a proclamação do armistício com os aliados em 8 de setembro de 1943 e a consequente ocupação alemã do solo italiano, Alberto volta para casa em Rimini. Ele sabe qual é a sua missão: torna-se operário da caridade. Depois de cada bombardeamento, é o primeiro a ir em socorro dos feri- dos, encorajar os sobreviventes, assistir os moribundos, tirar das ruínas os sepultados vivos. Não só ruínas, mas também fome. Alberto distri- buía aos pobres tudo o que conseguia recolher: colchões, cobertores, panelas. Ia até os agricultores e negociantes e comprava todo tipo de víveres. Depois, com a bicicleta carregada de sacolas, ia aonde sabia que havia fome e doença. Voltava, às vezes, para casa sem sapatos ou sem bicicleta: dera a quem mais precisava. No período da ocupação alemã, salvou muitos jovens das deportações e conseguiu, com uma ação cora- josa e heroica, abrir os vagões, já trancados e em partida na estação de Santarcangelo, e libertar homens e mulheres destinados aos campos de concentração.
Após a libertação da cidade, em 23 de setembro de 1945, foi criada
a primeira junta do Comitê de Libertação. Entre os assessores também está Alberto Marvelli; não está inscrito nem nenhum partido, não foi partigiano (‘guerrilheiro’ contra a ocupação estrangeira), mas todos reconheceram e apreciaram o enorme trabalho feito por ele em favor dos desalojados. É um jovem de apenas 27 anos, mas tem firmeza e competência para enfrentar os problemas, coragem nas situações mais difíceis e disponibilidade sem limites. Confiam-lhe a tarefa mais difí- cil: a comissão de alojamento, que deve disciplinar a distribuição dos alojamentos na cidade, resolver controvérsias, requisitar apartamentos, não sem os inevitáveis ressentimentos. Depois, confiam-lhe a tarefa da reconstrução, como colaborador da seção especial de obras públicas.
Em seu pequeno caderno de anotações, Alberto escreve: “Servir é melhor do que ser servido. Jesus serve”. Leigo cristão, crescido no ora- tório salesiano de Rimini, expressa a sua fé cristã sobretudo no compro- misso político e social, entendido como serviço ao bem comum: “Com a ajuda de Nosso Senhor, desejo e proponho ser sempre de exemplo aos companheiros e defender a minha fé em todas as ocasiões, sem respei- to humano, mas com a mente sempre voltada para a maior glória de Deus”. É com esse espírito de serviço que Alberto enfrenta a atividade cívica. Quando os partidos renascem em Rimini, inscreve-se no partido da Democracia Cristã. Sentiu e viveu o empenho na política como um serviço à coletividade organizada; a atividade política podia e devia ser a expressão mais elevada da fé vivida.
Nesse ínterim, o bispo chama-o para dirigir os “Católicos Laure- ados”. Seu empenho poderia ser sintetizado em duas palavras: cultura e caridade. “Não se deve levar a cultura apenas aos intelectuais, mas a todo o povo”. Desse modo, dá vida a uma universidade popular. Abre um refeitório para os pobres. Convida-os ao refeitório, reza com eles; depois, distribui a sopa e escuta as necessidades deles. Sua atividade em favor de todos é incansável; está entre os fundadores das ACLI (Asso- ciações Católicas de Trabalhadores Italianos); cria uma cooperativa de trabalhadores da construção civil, a primeira cooperativa “branca” (não comunista) na Romanha “vermelha”.
A intimidade com Jesus Eucarístico nunca é um fechar-se em si mesmo, alienado dos compromissos e da história. Antes, quando perce- be que o mundo ao seu redor está sob o signo da injustiça e do pecado, a Eucaristia torna-se para ele força para iniciar a ação de redenção e libertação, capaz de humanizar a face da terra.
Na noite de 5 de outubro de 1946, de bicicleta, vai fazer um comício eleitoral; ele também é candidato às eleições da primeira administra- ção municipal. Às 20h:30min, um caminhão militar investe sobre ele. Morrerá com apenas 28 anos, poucas horas depois, sem retomar a cons- ciência. A mãe, Maria, forte na dor, está ao seu lado. Sua morte causou grande comoção em toda a Itália. A figura de Alberto Marvelli, na histó- ria do apostolado dos leigos, é a de um autêntico precursor do Concílio Vaticano II, no que se refere ao compromisso dos leigos na animação cristã da sociedade. Foi, como queria Dom Bosco, um bom cristão e um cidadão honesto, empenhado na Igreja e na sociedade com coração salesiano.